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Fiesp discorda do IBGE
sobre alta do consumo
DA REPORTAGEM LOCAL
É "equivocada" e uma "balela"
a análise do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de
que há setores voltados para o
mercado interno que já começaram a expandir o consumo no
país. Claudio Vaz, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da entidade, criticou a avaliação do instituto.
Anteontem, o IBGE informou
que a produção da indústria em
maio atingiu alta recorde de 2,2%
na comparação com abril.
Um dos dados para os quais o
instituto chamou a atenção refere-se ao desempenho da produção de produtos semiduráveis
(calçados e roupas) e não-duráveis (alimentos). Ambos registraram alta de 1,7% na produção em
relação a abril.
Para o IBGE, o bom desempenho de setores exportadores se
"espalhou" para outros ligados ao
mercado doméstico, como vestuário e calçados.
O diretor da Fiesp não acredita
nessa possibilidade e baseia suas
críticas em dados apresentados
pelos setores produtivos.
"Essa história de que o mercado
interno está reagindo é uma balela", afirma. "Os setores que o IBGE cita são muito mais exportadores hoje e aumentaram suas
vendas ao exterior neste ano",
afirma Vaz.
Inverdade
Na sua opinião, como as empresas de vestuário, calçados e alimentos são tipicamente voltadas
para o mercado interno -principalmente as de médio e pequeno
porte-, os economistas passaram a acreditar que elas não têm
ampliado sua atuação no exterior.
"Isso não é verdade", afirmou.
De acordo com a Abicalçados
(Associação Brasileira das Indústria de Calçados), de janeiro a
maio deste ano o setor registrou
um faturamento de US$ 707 milhões com exportações.
Isso representa um aumento de
15% sobre os cinco primeiros meses de 2003, quando o valor alcançou US$ 616 milhões.
Na avaliação do vice-presidente
da Abicalçados, Ricardo Wirth,
há uma previsão de chegar ao final deste ano com um crescimento de 15% nas exportações sobre o
ano de 2003.
Renda e desemprego
Lideranças da indústria de roupas e calçados ouvidas pela Folha
afirmam que, na prática, uma pequena parcela de companhias de
ambos os setores exporta. E, portanto, um aumento na produção
pode refletir um desempenho das
empresas no mercado interno.
No entanto, para a Fiesp, são as
companhias de grande porte desses setores que enviam ao exterior
maiores volumes de produtos. E
essas companhias podem estar
pressionando para cima os indicadores de produção com maiores vendas externas.
Claudio Vaz acredita que a forte
retração na renda nos últimos
anos e as taxas recordes de desemprego ainda sejam fortes inibidores para a expansão da demanda no mercado interno.
(ADRIANA MATTOS)
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