São Paulo, sábado, 10 de julho de 2004

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Fiesp discorda do IBGE sobre alta do consumo

DA REPORTAGEM LOCAL

É "equivocada" e uma "balela" a análise do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de que há setores voltados para o mercado interno que já começaram a expandir o consumo no país. Claudio Vaz, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da entidade, criticou a avaliação do instituto.
Anteontem, o IBGE informou que a produção da indústria em maio atingiu alta recorde de 2,2% na comparação com abril.
Um dos dados para os quais o instituto chamou a atenção refere-se ao desempenho da produção de produtos semiduráveis (calçados e roupas) e não-duráveis (alimentos). Ambos registraram alta de 1,7% na produção em relação a abril.
Para o IBGE, o bom desempenho de setores exportadores se "espalhou" para outros ligados ao mercado doméstico, como vestuário e calçados.
O diretor da Fiesp não acredita nessa possibilidade e baseia suas críticas em dados apresentados pelos setores produtivos.
"Essa história de que o mercado interno está reagindo é uma balela", afirma. "Os setores que o IBGE cita são muito mais exportadores hoje e aumentaram suas vendas ao exterior neste ano", afirma Vaz.

Inverdade
Na sua opinião, como as empresas de vestuário, calçados e alimentos são tipicamente voltadas para o mercado interno -principalmente as de médio e pequeno porte-, os economistas passaram a acreditar que elas não têm ampliado sua atuação no exterior. "Isso não é verdade", afirmou.
De acordo com a Abicalçados (Associação Brasileira das Indústria de Calçados), de janeiro a maio deste ano o setor registrou um faturamento de US$ 707 milhões com exportações.
Isso representa um aumento de 15% sobre os cinco primeiros meses de 2003, quando o valor alcançou US$ 616 milhões.
Na avaliação do vice-presidente da Abicalçados, Ricardo Wirth, há uma previsão de chegar ao final deste ano com um crescimento de 15% nas exportações sobre o ano de 2003.

Renda e desemprego
Lideranças da indústria de roupas e calçados ouvidas pela Folha afirmam que, na prática, uma pequena parcela de companhias de ambos os setores exporta. E, portanto, um aumento na produção pode refletir um desempenho das empresas no mercado interno.
No entanto, para a Fiesp, são as companhias de grande porte desses setores que enviam ao exterior maiores volumes de produtos. E essas companhias podem estar pressionando para cima os indicadores de produção com maiores vendas externas.
Claudio Vaz acredita que a forte retração na renda nos últimos anos e as taxas recordes de desemprego ainda sejam fortes inibidores para a expansão da demanda no mercado interno.
(ADRIANA MATTOS)



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