São Paulo, sábado, 10 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COMÉRCIO

BNDES centralizaria linhas de crédito; banco ainda estuda assunto

Governo prepara caixa único para financiar exportação

VIVALDO DE SOUSA
COORDENADOR DE ECONOMIA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O governo estuda centralizar todas as operações de financiamento às exportações no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Com isso, os procedimentos para a liberação de recursos poderiam ser simplificados e agilizados.
"Temos de ter na exportação um fundo rotativo que não passe pelas restrições orçamentárias", disse à Folha o ministro Sergio Amaral (Desenvolvimento). Nas suas palavras, a mudança iria criar um "balcão único" para os exportadores.
Amaral explicou que os financiamentos à exportação por meio do Proex (programa administrado pelo Banco do Brasil) têm restrições porque os recursos vêm do Orçamento, que está sujeito a cortes e ao comportamento da arrecadação. Ou seja, há limites para o uso desses recursos pelo governo.
"Não queremos que outras áreas sejam prejudicadas. Por isso, o BNDES está buscando novas fontes de financiamento para ampliar sua atuação. Já está acertado um empréstimo de US$ 1 bilhão do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para financiar as exportações", diz o ministro.
Com as mudanças em estudo, disse Amaral, o BNDES poderia ter uma área transformada no Eximbank brasileiro -banco voltado basicamente para a área de política comercial-, mas sem que seja criada uma nova estrutura. Seria uma espécie de caixa único de financiamentos para as exportações, disse ele.
No curto prazo, disse ele, o BNDES vem ampliando o volume de recursos para os exportadores. Hoje, o banco direciona 25% do seu orçamento anual de R$ 28 bilhões para financiar as exportações, mas, segundo o ministro, esse percentual poderá chegar a 35%. Ou seja, passaria de R$ 7 bilhões para quase R$ 10 bilhões.

No BNDES
O BNDES, por sua vez, vai esperar o efeito do novo acordo do Brasil com o FMI sobre as linhas de crédito de curto prazo privadas para o setor exportador antes de prosseguir com os estudos para disponibilizar recursos emergenciais para substituir essas linhas.
Segundo a Folha apurou, o banco vinha trabalhando, por determinação do governo, na obtenção de fontes de recursos alternativas para que pudesse fazer momentaneamente a irrigação do mercado exportador com capital de giro (dinheiro de curto prazo).
O BNDES já possui linhas com esse objetivo (as de linhas de pré-embarque), mas elas são pequenas no conjunto do dinheiro que o banco destina às exportações. Até junho deste ano, elas somaram US$ 266 milhões, em um universo de US$ 1,8 bilhão.
A fonte do dinheiro que permitiria ampliar as linhas de pré-embarque em caráter emergencial ainda é um assunto indefinido, pois o banco entende não ser possível comprometer nesse programa recursos do seu orçamento ordinário (R$ 28 bilhões este ano). Para fazer isso, parte dos financiamentos normais à economia do país ficaria desguarnecida.
A nova avaliação do BNDES, após o acordo com o FMI, é que as linhas de crédito voltarão, mas, provavelmente, não nos mesmos níveis anteriores. Por isso, os estudos sobre as fontes de recursos prosseguirão, só que menos pressionados. A não ser que nada dê certo e a desconfiança dos bancos prossiga.



Texto Anterior: Luís Nassif: A palavra do presidente
Próximo Texto: Megapacote: País obtém US$ 3 bi do Banco Mundial e BID
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.