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COMÉRCIO
BNDES centralizaria linhas de crédito; banco ainda estuda assunto
Governo prepara caixa único para financiar exportação
VIVALDO DE SOUSA
COORDENADOR DE ECONOMIA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O governo estuda centralizar todas as operações de financiamento às exportações no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Com
isso, os procedimentos para a liberação de recursos poderiam ser
simplificados e agilizados.
"Temos de ter na exportação
um fundo rotativo que não passe
pelas restrições orçamentárias",
disse à Folha o ministro Sergio
Amaral (Desenvolvimento). Nas
suas palavras, a mudança iria
criar um "balcão único" para os
exportadores.
Amaral explicou que os financiamentos à exportação por meio
do Proex (programa administrado pelo Banco do Brasil) têm restrições porque os recursos vêm do
Orçamento, que está sujeito a cortes e ao comportamento da arrecadação. Ou seja, há limites para o
uso desses recursos pelo governo.
"Não queremos que outras
áreas sejam prejudicadas. Por isso, o BNDES está buscando novas
fontes de financiamento para ampliar sua atuação. Já está acertado
um empréstimo de US$ 1 bilhão
do BID (Banco Interamericano de
Desenvolvimento) para financiar
as exportações", diz o ministro.
Com as mudanças em estudo,
disse Amaral, o BNDES poderia
ter uma área transformada no
Eximbank brasileiro -banco
voltado basicamente para a área
de política comercial-, mas sem
que seja criada uma nova estrutura. Seria uma espécie de caixa único de financiamentos para as exportações, disse ele.
No curto prazo, disse ele, o
BNDES vem ampliando o volume
de recursos para os exportadores.
Hoje, o banco direciona 25% do
seu orçamento anual de R$ 28 bilhões para financiar as exportações, mas, segundo o ministro, esse percentual poderá chegar a
35%. Ou seja, passaria de R$ 7 bilhões para quase R$ 10 bilhões.
No BNDES
O BNDES, por sua vez, vai esperar o efeito do novo acordo do
Brasil com o FMI sobre as linhas
de crédito de curto prazo privadas
para o setor exportador antes de
prosseguir com os estudos para
disponibilizar recursos emergenciais para substituir essas linhas.
Segundo a Folha apurou, o banco vinha trabalhando, por determinação do governo, na obtenção
de fontes de recursos alternativas
para que pudesse fazer momentaneamente a irrigação do mercado
exportador com capital de giro
(dinheiro de curto prazo).
O BNDES já possui linhas com
esse objetivo (as de linhas de pré-embarque), mas elas são pequenas no conjunto do dinheiro que
o banco destina às exportações.
Até junho deste ano, elas somaram US$ 266 milhões, em um universo de US$ 1,8 bilhão.
A fonte do dinheiro que permitiria ampliar as linhas de pré-embarque em caráter emergencial
ainda é um assunto indefinido,
pois o banco entende não ser possível comprometer nesse programa recursos do seu orçamento
ordinário (R$ 28 bilhões este
ano). Para fazer isso, parte dos financiamentos normais à economia do país ficaria desguarnecida.
A nova avaliação do BNDES,
após o acordo com o FMI, é que as
linhas de crédito voltarão, mas,
provavelmente, não nos mesmos
níveis anteriores. Por isso, os estudos sobre as fontes de recursos
prosseguirão, só que menos pressionados. A não ser que nada dê
certo e a desconfiança dos bancos prossiga.
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