São Paulo, sábado, 10 de agosto de 2002

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TRANSE LATINO

Governo já admite freada maior da economia, apesar da entrada de recursos do Fundo Monetário Internacional

PIB uruguaio cairá 11%; inflação vai a 40%

JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES

Mesmo após os recentes empréstimos que conseguiu no exterior, o governo uruguaio foi obrigado a aumentar expressivamente a previsão de encolhimento econômico e a meta de inflação para este ano.
O país, que já admitia queda do PIB de 7%, prevê agora que a economia vai cair entre 11% e 11,5% em 2002. Já a meta de inflação deste ano cresceu de 15% para 40% devido, principalmente, à desvalorização de cerca de 40% do peso uruguaio desde a liberação do câmbio, em junho.
"As novas metas foram elaboradas a partir de um cenário totalmente extremo, para evitar surpresas", disse o diretor de Macroeconomia do Ministério da Economia, Isaac Alfie.
Ele também anunciou que, com o impacto negativo da recessão nas contas públicas, o governo aumentou a previsão para o déficit de 2,5% para 3,5% do PIB.
As novas projeções fazem parte do "redesenho" do acordo acertado entre o governo uruguaio e o FMI, que possibilitou o aumento do pacote de ajuda de US$ 2,3 bilhões para US$ 2,8 bilhões.
Nos últimos dias, o país também recebeu um empréstimo de US$ 500 milhões do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e outro de US$ 300 milhões do Banco Mundial.
Além disso, o Tesouro dos Estados Unidos havia liberado um empréstimo-ponte de US$ 1,5 bilhão ao Uruguai. Os recursos, utilizados para o país reforçar as reservas internacionais e reabrir os bancos após o feriado bancário da semana passada, serão agora devolvidos aos EUA com a chegada dos empréstimos dos organismos internacionais de crédito.
Segundo Isaac Alfie, o novo acordo também prevê que o governo uruguaio não utilize recursos públicos para socorrer bancos privados que venham a enfrentar problemas de liquidez.
No entanto o funcionário negou que haja outras condições para a ajuda. Na Argentina, circularam boatos nos últimos dias de que o empréstimo-ponte dos EUA, que teve aval do FMI, só foi liberado tão rápido porque o governo teria concordado em fornecer dados do sistema financeiro protegidos pelo sigilo bancário para ajudar o serviço de inteligência dos EUA a combater o narcotráfico e o terrorismo na região.



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