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TRANSE LATINO
Governo já admite freada maior da economia, apesar da entrada de recursos do Fundo Monetário Internacional
PIB uruguaio cairá 11%; inflação vai a 40%
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
Mesmo após os recentes empréstimos que conseguiu no exterior, o governo uruguaio foi obrigado a aumentar expressivamente a previsão de encolhimento econômico e a meta de inflação para este ano.
O país, que já admitia queda do PIB de 7%, prevê agora que a economia vai cair entre 11% e 11,5% em 2002. Já a meta de inflação deste ano cresceu de 15% para
40% devido, principalmente, à desvalorização de cerca de 40% do peso uruguaio desde a liberação do câmbio, em junho.
"As novas metas foram elaboradas a partir de um cenário totalmente extremo, para evitar surpresas", disse o diretor de Macroeconomia do Ministério da
Economia, Isaac Alfie.
Ele também anunciou que, com
o impacto negativo da recessão
nas contas públicas, o governo
aumentou a previsão para o déficit de 2,5% para 3,5% do PIB.
As novas projeções fazem parte
do "redesenho" do acordo acertado entre o governo uruguaio e o
FMI, que possibilitou o aumento
do pacote de ajuda de US$ 2,3 bilhões para US$ 2,8 bilhões.
Nos últimos dias, o país também recebeu um empréstimo de
US$ 500 milhões do BID (Banco
Interamericano de Desenvolvimento) e outro de US$ 300 milhões do Banco Mundial.
Além disso, o Tesouro dos Estados Unidos havia liberado um
empréstimo-ponte de US$ 1,5 bilhão ao Uruguai. Os recursos, utilizados para o país reforçar as reservas internacionais e reabrir os
bancos após o feriado bancário da
semana passada, serão agora devolvidos aos EUA com a chegada
dos empréstimos dos organismos
internacionais de crédito.
Segundo Isaac Alfie, o novo
acordo também prevê que o governo uruguaio não utilize recursos públicos para socorrer bancos
privados que venham a enfrentar
problemas de liquidez.
No entanto o funcionário negou
que haja outras condições para a
ajuda. Na Argentina, circularam
boatos nos últimos dias de que o
empréstimo-ponte dos EUA, que
teve aval do FMI, só foi liberado
tão rápido porque o governo teria
concordado em fornecer dados
do sistema financeiro protegidos
pelo sigilo bancário para ajudar o
serviço de inteligência dos EUA a
combater o narcotráfico e o terrorismo na região.
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