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Socorro à Argentina não
deve passar de US$ 7 bi
DE BUENOS AIRES
O acordo que a Argentina estaria prestes a fechar com o FMI seria de cerca de US$ 7 bilhões, o suficiente apenas para que o país
honre seus compromissos com a
própria instituição e com outros
organismos multilaterais no próximo ano. A informação, de acordo com a agência Reuters, foi revelada por uma autoridade do G7
(grupo dos sete países mais industrializados).
"A Argentina não espera um
grande pacote", disse a autoridade, que falou sob a condição de
manter o anonimato. "A solução
será a renegociação da dívida privada, mas o país tem grandes débitos com FMI, BID e Bird."
O acordo que o presidente argentino, Eduardo Duhalde, promete assinar "em dias ou semanas" deve incluir metas a serem
cumpridas pelo próximo presidente, que assumirá em maio. O
esboço da carta de intenções prevê, segundo o jornal "La Nación",
uma meta de superávit primário
de 0,6% do PIB para este ano e de
2% para 2003.
O documento também estima
que o PIB argentino vai recuar
13,5% em 2002, mas apresentaria
um crescimento de 3% no próximo ano devido, principalmente,
ao efeito positivo da desvalorização cambial sobre as exportações.
Os números já foram apresentados pelo secretário de Fazenda,
Jorge Sarghini, aos técnicos do
FMI que estão no país para revisar
as contas fiscais do país. Na próxima semana, os dados serão avaliados pela diretoria do Fundo.
Para o acordo ampliado, que
poderia incluir um empréstimo
novo de US$ 15 bilhões, o próximo governo deverá realizar uma
reforma tributária e alterar a lei
que estabelece o repasse das verbas federais às Províncias criando
sanções aos governadores que
gastam mais do que arrecadam.
O governo Duhalde foi abalado
ontem por uma onda de renúncias em cargos importantes. O secretário de Agricultura, Rafael
Delpech, renunciou após ser alvo
de protesto durante o fim de semana devido ao imposto de 20%
sobre as exportações agrícolas.
No final da tarde, foi a vez do superintendente de Bancos do Banco Central, Felipe Murolo, entregar seu pedido de demissão.
Anteontem, o substituído foi o
secretário de Energia, Alieto Guadagni, que estava em conflito com
empresários sobre o preço dos
combustíveis. Após a confirmação de sua saída, o governo anunciou que vai subir o imposto sobre
o transporte dos combustíveis e
convocou as empresas de serviços
públicos a fazerem proposta para
o reajuste das tarifas.
A Justiça italiana bloqueou ontem um empréstimo de 2,59
milhões que seria liberado pelo
governo do país à Argentina. Os
recursos ficarão na Itália como
garantia de que credores do país
receberão o pagamento da dívida
externa argentina, que está suspenso desde dezembro.
O arcebispo de Buenos Aires,
Jorge Mario Bergoglio, disse ontem que os argentinos devem parar de "rezar" para o FMI porque
isso não ajuda o país a se recuperar de sua maior crise da história.
"Não vamos a lugar nenhum,
simplesmente nos endividaríamos ainda mais", disse.
(JS)
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