São Paulo, sábado, 10 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CAIXA PRESSIONADO

Buraco cresce 48% nos primeiros sete meses do ano

Déficit da Previdência vai a R$ 8 bi

MARIANA MAINENTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Previdência Social acumulou déficit de R$ 8,1 bilhões nos sete primeiros meses deste ano, resultado 48% pior do que o registrado no mesmo período de 2001. A arrecadação cresceu 11%, fechando em R$ 37,4 bilhões até julho, mas a despesa com pagamento de benefícios aumentou 16%, somando R$ 45,6 bilhões.
Em julho, o déficit foi de R$ 1,3 bilhão, superior em quase R$ 200 milhões ao de julho de 2001. O ministro José Cechin (Previdência) disse que pesou sobre o resultado do mês o reajuste de 9,2% concedido aos aposentados em junho, mas cujo pagamento começou é feito a partir de julho.
Segundo ele, isto fez com que as despesas ficassem em R$ 7,09 bilhões no mês enquanto as de junho tinham sido de R$ 6,7 bilhões. O déficit de julho só não foi maior porque houve uma melhora na arrecadação, que bateu um novo recorde histórico mensal: chegou a R$ 5,766 bilhões, 16% maior do que a de julho de 2001.
Parte deste aumento foi decorrente da medida provisória que permite pagamento de débitos em juízo sem juros e multas. "Entraram R$ 50 milhões em pagamentos deste tipo, dos quais R$ 39 milhões vieram de uma grande empresa que pagou à vista", disse Cechin.
Outros R$ 200 milhões, segundo ele, vieram de depósitos feitos por empresas que estão contestando cobranças feitas pelos fiscais do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), mas precisam depositar 30% do valor para questionar a cobrança.
Também aumentou a arrecadação mensal da contribuição previdenciária. Segundo Cechin, isto pode ser conseqüência do pagamento da primeira parcela do 13º salário por algumas empresas, mas também pode ser sinal de melhora no nível de emprego.
Sobre o aumento das despesas nos sete primeiros meses do ano, Cechin disse que houve um impacto de R$ 426 milhões com o pagamento de benefícios que tiveram sua concessão atrasada devido à greve dos funcionários do INSS no ano passado.
Como a greve acabou no final do ano, a concessão desses benefícios foi regularizada ao longo deste ano. Com isso, o INSS pagou os valores atrasados com correção, o que aumentou as despesas neste ano.
Cechin manteve a projeção de déficit de R$ 17 bilhões para o ano. Ele acredita que o déficit estará estabilizado entre 1% e 1,2% do PIB (Produto Interno Bruto) nos próximos 15 anos, caso a economia tenha um crescimento médio mensal de 3,5% no período.



Texto Anterior: Impostos: Arrecadação da Receita é de R$ 21,3 bi em julho
Próximo Texto: Águia em transe: Produtividade já cresce menos nos EUA
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.