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OPINIÃO ECONÔMICA
Quem acreditar verá!
BENJAMIN STEINBRUCH
Nem mesmo acaba de ocorrer
uma reforma ministerial -que
aliás, todos acharam extremamente positiva para o governo e
para o país- e já começam os
derrotistas de sempre a falar da
próxima mudança de ministros,
que, segundo eles, ocorrerá em
breve. Mal passamos pelo grande trauma da desvalorização do
real, sem que tenha sido possível
ainda aferir a extensão das vantagens e desvantagens do câmbio flutuante, para ver que, em
notinhas, artigos e até em entrevistas, já se fala que uma nova
máxi virá em breve.
O Congresso voltou a funcionar após o recesso e as dificuldades políticas parecem intransponíveis, levando a todos o receio
de que não sejam aprovadas as
reformas que viabilizarão o Brasil moderno. As coisas internas
nem mesmo pioraram. Pelo contrário, melhoraram bastante, se
considerarmos a dinamização
do mercado interno, as reduções
das taxas de juro, a não-recessão
e a não-volta da inflação. Apesar disso, os semeadores de catástrofes já prometem desastres
no Brasil e, de quebra, fazem a
apologia do fim do mundo, com
data certa, amanhã, quarta-feira, dia do eclipse final.
Para onde estamos querendo
ir, ou melhor, para onde querem
nos levar? Já passamos por momentos muito piores e nada como o dia após dia para observarmos que estamos vivos, trabalhando, produzindo e prontos
para olharmos para a frente,
com otimismo, esperando um
futuro muito melhor.
É claro que as dificuldades são
muitas e complicadas, mas temos que separar aquilo que nos
compete fazer e temos que viabilizar aquilo que devemos esperar e torcer para que aconteça
no momento certo. Misturando
as duas coisas, vamos acabar
não fazendo o que deveria ser
feito, que depende só de nós, e de
outra parte não permitiremos
que o resto aconteça justamente
por não termos feito aquilo que
dependia somente de nosso
exemplo e de nosso apoio. A confusão parece total. Mas a quem
ela interessa? Vamos nos deixar
abater pelo pessimismo ou vamos arregaçar as mangas e trabalhar por um Brasil melhor?
Somos todos brasileiros, nascemos aqui, moramos aqui, temos
nossas famílias em nossa volta e
não podemos nem devemos permitir que o futuro de toda essa
gente querida, os próximos e os
distantes, seja ditado pelos profissionais do pessimismo, os promotores da notícia ruim, do desânimo, da desmotivação.
No Brasil antigo é que tinha
sentido colocar todas as culpas e
responsabilidades no governo. E
só creditar sucessos ao cidadão,
à empresa e à iniciativa privada.
A nova sociedade não aceita isso.
Essa nova sociedade permite, e
até mesmo exige, que a crítica
seja construtiva, seja intensa.
Mas também exige seriedade
nas críticas, realismo nos posicionamentos. Ela é a maioria silenciosa que não encontrou,
ainda, os canais necessários para a sua representação política,
como bem disse o presidente em
sua entrevista a "O Globo" neste
domingo, que tanto repercutiu.
Diante da nova sociedade, cada um precisa fazer a sua parte e
estimular os outros a realizar o
que lhes compete. O conceito da
solidariedade é essencial. Ele se
lastreia nos avanços já conseguidos e estimula as caminhadas
positivas que todos devem empreender.
Muita coisa tem que ser feita, é
verdade, muitos problemas têm
que ser encarados de frente e resolvidos, mas e daí? O que não
podemos perder é o senso de responsabilidade com a gente mesmo, e com o próximo, de lutarmos juntos para fazer deste país
o melhor em tudo, para viver
bem e ser feliz. Isso vale para todos nós. Temos uma longa caminhada a fazer, certamente cheia
de dificuldades, mas e daí? Vamos empreendê-la. Quem acreditar verá!
Benjamin Steinbruch, 45, empresário,
graduado em administração de empresas e
marketing financeiro pela Fundação Getúlio Vargas (SP), é presidente dos conselhos
de administração da Companhia Siderúrgica Nacional e da Companhia Vale do Rio
Doce.
E-mail: bvictoria@psi.com.br
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