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CAPITAIS
Fundo alerta para a proporção de títulos do país na dívida total de emergentes
É hora de fazer reforma, diz FMI
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Em relatório divulgado ontem,
o FMI (Fundo Monetário Internacional) sugere que a melhora
recente das condições para a renegociação de dívidas no mercado financeiro internacional está
em xeque. E recomenda aos principais emergentes ""aproveitarem
a oportunidade para aprofundar
reformas estruturais necessárias".
O relatório afirma que o Brasil
""aproveitou uma situação vantajosa" nos últimos meses do primeiro semestre para alargar o
prazo da dívida tanto do setor privado como público, mas diz que o
grau de incertezas em relação às
economias emergentes como um
todo permanece ""considerável".
No relatório, o FMI afirma que
qualquer piora no sentimento dos
mercados em relação aos fundamentos da economia brasileira
pode causar "ajuste de proporções consideráveis" no valor dos
títulos privados e públicos dos
principais emergentes.
O Fundo salienta que o Brasil
responde hoje por um quinto do
total de títulos dos emergentes negociados no mundo.
"A vulnerabilidade dessa classe
de ativos (títulos de emergentes) é
acentuada devido à concentração
de operações com papéis brasileiros. Devido ao seu peso, uma mudança de sentimento em relação
aos fundamentos da economia
brasileira poderá provocar um
ajuste de proporções consideráveis em todos os outros ativos",
diz o documento do Fundo.
O "Relatório sobre a Estabilidade Financeira Global" diz ainda
que um eventual aumento maior
da taxa de juros de longo prazo
nos EUA -como reflexo do aumento do déficit fiscal- poderá
"machucar" mercados emergentes como o Brasil.
Isso porque, se as taxas dos EUA
ficarem mais altas -mais atrativas aos investidores-, aquele
país pode atrair recursos de aplicadores que hoje optam por títulos de emergentes, de maior rentabilidade. O investimento nos títulos americanos é considerado o
mais seguro do mundo.
"O recente e rápido aumento da
correlação entre (o rendimento)
dos títulos do Tesouro americano
e dos países emergentes ilustra o
perigo de um movimento de venda desordenado dos papéis de
emergentes", informa.
Nas últimas semanas, as taxas
de juro de longo prazo nos EUA
vêm sendo pressionadas para cima como reflexo da ampliação do
déficit fiscal público do país, que
pode chegar a US$ 562 bilhões no
ano fiscal de 2004.
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