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São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 2003

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CAPITAIS

Fundo alerta para a proporção de títulos do país na dívida total de emergentes

É hora de fazer reforma, diz FMI

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

Em relatório divulgado ontem, o FMI (Fundo Monetário Internacional) sugere que a melhora recente das condições para a renegociação de dívidas no mercado financeiro internacional está em xeque. E recomenda aos principais emergentes ""aproveitarem a oportunidade para aprofundar reformas estruturais necessárias".
O relatório afirma que o Brasil ""aproveitou uma situação vantajosa" nos últimos meses do primeiro semestre para alargar o prazo da dívida tanto do setor privado como público, mas diz que o grau de incertezas em relação às economias emergentes como um todo permanece ""considerável".
No relatório, o FMI afirma que qualquer piora no sentimento dos mercados em relação aos fundamentos da economia brasileira pode causar "ajuste de proporções consideráveis" no valor dos títulos privados e públicos dos principais emergentes.
O Fundo salienta que o Brasil responde hoje por um quinto do total de títulos dos emergentes negociados no mundo.
"A vulnerabilidade dessa classe de ativos (títulos de emergentes) é acentuada devido à concentração de operações com papéis brasileiros. Devido ao seu peso, uma mudança de sentimento em relação aos fundamentos da economia brasileira poderá provocar um ajuste de proporções consideráveis em todos os outros ativos", diz o documento do Fundo.
O "Relatório sobre a Estabilidade Financeira Global" diz ainda que um eventual aumento maior da taxa de juros de longo prazo nos EUA -como reflexo do aumento do déficit fiscal- poderá "machucar" mercados emergentes como o Brasil.
Isso porque, se as taxas dos EUA ficarem mais altas -mais atrativas aos investidores-, aquele país pode atrair recursos de aplicadores que hoje optam por títulos de emergentes, de maior rentabilidade. O investimento nos títulos americanos é considerado o mais seguro do mundo.
"O recente e rápido aumento da correlação entre (o rendimento) dos títulos do Tesouro americano e dos países emergentes ilustra o perigo de um movimento de venda desordenado dos papéis de emergentes", informa.
Nas últimas semanas, as taxas de juro de longo prazo nos EUA vêm sendo pressionadas para cima como reflexo da ampliação do déficit fiscal público do país, que pode chegar a US$ 562 bilhões no ano fiscal de 2004.


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