São Paulo, sexta-feira, 10 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FINANCIAMENTOS

Em oito meses, foram R$ 22,4 bi, ou 47,35% do total de 2004

BNDES libera mais 45% em recursos

DA SUCURSAL DO RIO

Os recursos liberados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) tiveram aumento de 45% nos oito primeiros meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, somando R$ 22,4 bilhões. Como o orçamento para o ano é de R$ 47,3 bilhões, os desembolsos representam 47,35% do total previsto para 2004.
"Esses dados mostram a eficiência do banco, mostram que estamos a todo o vapor", afirmou o superintendente da Área de Planejamento do BNDES, Maurício Piccinini.
Questionado se ele estava dando uma resposta ao ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, que criticou a lentidão do banco para aprovar projetos, ele respondeu: "Parece que é uma resposta, mas tenho sempre dito isso. Sei que parece suspeito falar isso agora, mas os números confirmam a agilidade do banco."
Em agosto, o BNDES liberou R$ 3,3 bilhões para empresas, contra R$ 1,6 bilhão no mesmo mês de 2003 -aumento de 106%. Segundo o banco, os desembolsos nos oito meses deste ano são 25% maiores em relação a igual período de 2002, último ano do governo Fernando Henrique, quando foram liberados R$ 17,9 bilhões.
Os desembolsos para as micro, pequenas e médias empresas somaram R$ 7,7 bilhões nos oito meses, representando 35% do total. As grandes indústrias, cujos financiamentos são maiores, ficaram com R$ 14,58 bilhões.
Apesar de o valor ser 52% maior que o liberado de janeiro a agosto de 2003, Piccinini disse que o banco ainda sente falta de grandes projetos de setores de bens de consumo de massa, como confecções, alimentos e bebidas, couro e calçados e madeira e móveis.
Papel e celulose obteve a liberação de R$ 606 milhões entre janeiro e agosto, representando crescimento de 203% em relação ao mesmo período de 2003. Só ficou atrás, percentualmente, do setor de telecomunicações, com 2.047% de incremento (desembolso de R$ 700 milhões).
A indústria ficou com R$ 9,1 bilhões, representando 41% dos recursos. Em segundo lugar ficou o setor de infra-estrutura, com R$ 7,51 bilhões (34% do total), seguido da agropecuária, com R$ 4,33 bilhões (19% do total).
No setor industrial, as maiores liberações foram para material de transporte, que inclui fabricação e montagem de veículos automotores, embarcações, equipamentos ferroviários e aeronaves.

Banco Mundial
O economista-chefe do Banco Mundial para o Brasil, Mark Thomas, afirmou ontem no Rio que "uma estratégia de crescimento moderna" para o país terá de "reconsiderar a vocação" das grandes instituições financeiras do setor público, especialmente do BNDES.
Em palestra no Minifórum Nacional, ele defendeu ainda o uso sustentável da Amazônica, em parceria com instituições internacionais, como forma de promover o crescimento econômico.
Sobre a atuação dos bancos públicos, ele disse que o Brasil deveria aproveitar melhor o capital humano dessas instituições para planejar o desenvolvimento do país. Thomas disse que o "sistema público é um conjunto complicado de taxas especiais, algumas das quais ineficientes, dotações orçamentárias e crédito direcionado -como moradia e agricultura".
Mais tarde, em entrevista, disse que falou de modo genérico e que não criticou o uso de juros direcionados -taxas que não acompanham as de mercado, como as do BNDES, da CEF para financiamento habitacional ou do Banco do Brasil no caso da agricultura.
"Do ponto de vista de uma estratégia de crescimento de longo prazo, não é necessariamente lógico. Não é ótimo no sentido de crescimento de longo prazo", disse, acrescentando que falava "da arquitetura [das instituições] mais amplamente".


Colaborou a Sucursal do Rio

Texto Anterior: Opinião econômica - Luiz Marinho: A proposta de negociação nacional
Próximo Texto: Reação em massa: Padarias reclamam de declaração de Lessa
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.