São Paulo, sexta, 10 de outubro de 1997.




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TELEFONIA
Fernando Xavier confirma que estatal está investindo US$ 80 milhões em ações
Telebrás investe em estatal portuguesa

da enviada especial a Foz do Iguaçu

A Telebrás vai gastar US$ 80 milhões na compra de 1% do capital da estatal Portugal Telecom que está em fase final de privatização.
A compra foi confirmada ontem pelo presidente da Telebrás, Fernando Xavier, e faz parte do acordo entre os dois governos na criação da Aliança Atlântica. Até o final do ano, em contrapartida, a telefônica portuguesa comprará ações da Telebrás, também no valor de US$ 80 milhões.
Com a proximidade da privatização das telefônicas estatais brasileiras, programada para o ano que vem, o governo ainda não decidiu o destino que dará às ações do grupo português que estão sendo adquiridas pela Telebrás.
Elas tanto poderão continuar nas mãos do governo -como um patrimônio da União- quanto serem repassadas ao setor privado durante a privatização das subsidiárias do Sistema Telebrás.
Na verdade, o governo ainda não definiu sequer o futuro da empresa Telebrás. O modelo de privatização anunciado pelo ministro Motta prevê que as 27 empresas de telefonia fixa da Telebrás serão vendidas na forma de três empresas regionais.
A Telesp, que representa 40% do volume de tráfego telefônico, será vendida sozinha. As outras 26 serão agrupadas em duas empresas regionais. A Embratel será privatizada em processo à parte.
Empresa de gaveta
A Telebrás poderá continuar existindo como uma empresa de gaveta, sem vida ativa, afirmou o ministro das Comunicações, Sérgio Motta. Se prevalecer essa hipótese, ela poderá continuar com as ações da Portugal Telecom.
Xavier disse que a parceria entre Brasil e Portugal na telefonia internacional começou em 1994 com um acordo entre a Embratel e sua congênere portuguesa Marconi.
Logo em seguida, visando à privatização, o governo daquele país agrupou suas cinco estatais da área em um único conglomerado e transformou a Portugal Telecom na empresa-mãe do sistema.
Holding
Sob o guarda-chuva da holding estão a Marconi (que faz as ligações internacionais), a TMN (serviço celular), a TV a cabo e a Portugal Telecom Internacional, que tem ações de telefônicas de ex-colônias e imprime listas telefônicas no Quênia e Uganda.
A Aliança Atlântica é uma empresa, da qual a Telebrás tem metade das ações. A outra metade é da Portugal Telecom. Segundo Xavier, a estatal brasileira vai comprar, diretamente, 0,75% do capital da holding portuguesa e mais 0,25% por meio da Aliança Atlântica.
O governo português vendeu ontem 20% das ações da Portugal Telecom nas Bolsas de Nova York, Londres e Lisboa e, em negociação à parte, vendeu 3,5% para a Telefônica da Espanha, 1% para a British Telecom e 0,5% para a MCI, dos Estados Unidos, além do 1% vendido à Telebrás.
Com isso, o governo português passa à condição de acionista minoritário do conglomerado, ficando com apenas 25%. Os outros 49% já estavam privatizados.
(ELVIRA LOBATO)



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