|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SUAVE RECUPERAÇÃO
Crescimento em outubro é de 1,7% sobre setembro, diz IBGE
Produção industrial sobe pela 5ª vez
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Pelo quinto mês seguido, a produção da indústria cresceu em
outubro: a alta foi de 1,7% na
comparação com setembro na taxa com ajuste sazonal, já descontados os efeitos típicos de cada período. Em setembro, a expansão
fora de 1%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Com o resultado, a taxa acumulada no ano subiu 0,8 ponto percentual -de 1,1% até setembro
para 1,9% até outubro.
Em relação a outubro de 2001, o
crescimento ficou em 8,9%. O indicador foi influenciado positivamente pela fraca base de comparação. Naquele mês de 2001, o país
vivia o pico do racionamento de
energia e a produção do setor despencara 3,1%.
Para o IBGE, já se pode falar em
uma recuperação da indústria,
ainda que suave. É que agora o
crescimento está mais espalhado
tanto por setores como categorias
de uso, o que caracteriza uma retomada mais firme da atividade
industrial.
Na comparação com setembro,
todas as categorias de uso tiveram
crescimento: duráveis (5%), não-duráveis (1,3%), intermediários
(0,7%) e bens de capital (4,2%).
"Há um conjunto de sinais positivos. É um crescimento [da indústria" mais generalizado, que
confirma uma tendência que já
vinha há alguns meses. Ainda assim, é um crescimento suave", diz
Sílvio Sales, chefe do Departamento de Indústria do IBGE.
De acordo com especialistas ouvidos pela Folha, a alta do câmbio
beneficiou a indústria, pois elevou
a fabricação de produtos exportáveis e obrigou alguns setores a
substituir itens importados. Isso,
dizem eles, ajudou o desempenho
da indústria, que tem sustentado
seu ritmo de produção apesar do
aumento dos juros e da disparada
do dólar.
"É uma melhora muito ligada
ao efeito positivo gerado pelo
câmbio, que tem impacto nas exportações e na substituição de importações", afirmou o economista Wilson Ramião, do Lloyds TSB.
Ele acrescenta que a liberação
dos recursos do expurgo do FGTS
(Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço) também aumentou um
pouco a demanda interna e, em
consequência, a produção da indústria: "Foi como ter o impacto
do pagamento de um décimo terceiro [salário" a mais na economia neste ano", comparou.
Para Francisco Pessoa, economista da LCA, não há, porém, um
aumento expressivo do consumo
interno. O que ocorre é que o país
tem importando menos e, com isso, a produção local está se ampliando no vácuo deixado.
Tanto Pessoa como Ramião dizem que a crise financeira teve outro importante reflexo na produção: fez as pessoas deslocarem investimentos financeiros para a
compra de imóveis (o que favoreceu a produção de insumos para a
construção civil) e de automóveis.
Segundo o economista-sênior
do BankBoston, Marcelo Cypriano, o fator determinante para a
expansão da produção é o crescimento das exportações, que também beneficia toda uma cadeia de
fornecedores.
Pessoa discorda da tese de uma
expansão mais generalizada da
produção. Diz que a melhora da
indústria depende muito ainda do
consumo externo (exportações).
Para este ano, estima uma ampliação de 2,1% do setor.
Demanda maior
Sales, do IBGE, aponta outra
mudança no comportamento do
setor em outubro: a indústria, que
vinha se equilibrando no tripé exportação-agroindústria-petróleo,
já sente a melhora da demanda
interna por bens de consumo final. Essa recuperação, afirma, é
puxada principalmente pela produção de veículos.
O ramo de material de transporte (cujo principal item é automóvel) cresceu 6,7% e puxou também os fornecedores.
Texto Anterior: Opinião econômica: Gatos escaldados Próximo Texto: Luís Nassif: O foro especial e o PT Índice
|