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São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2003

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Armínio defende papel menor para o BNDES

DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga defendeu ontem que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) reduza no médio prazo sua oferta de crédito à economia como forma de estimular o mercado de capitais a se firmar como fonte de financiamentos.
"Temos uma tradição histórica caríssima de bancos públicos. Nos últimos anos houve melhora nessa situação, promoveu-se uma limpeza nos bancos estaduais, a maioria foi privatizada, os que restaram são fiscalizados pelo BC", argumentou Armínio. "A existência do banco público é um inibidor do setor bancário forte."
Segundo o ex-presidente do BC, o BNDES "deve cumprir papel de transição enquanto se constroem mecanismos [que fomentem o financiamento via mercado de capitais e bancos privados) mais fortes". "Na verdade, acredito que esse papel deveria caber ao Banco do Brasil e à Caixa", argumentou.
De acordo com Fraga, o BNDES deveria ter missão complementar como fonte de financiamento, "e não substituto" do mercado de capitais. Mas admitiu que, dada a atual estrutura, o banco é essencial por disponibilizar recursos com prazos e taxas de juros que o mercado não oferece.
Muito menos complacente foi o também ex-presidente do BC Gustavo Loyola, que não poupou a atual diretoria do BNDES, ao citar a operação de compra por R$ 1,5 bilhão de 8,5% do capital da Valepar, a holding que controla a Vale do Rio Doce. A medida recebeu críticas por parte de integrantes do governo, que consideraram que poderia ser avaliada como uma movimento de reestatização.
O presidente do BNDES, Carlos Lessa, disse à época que o Estado precisa interferir em setores "estruturantes" para o país.
"Essa agenda veio do passado. Descongelaram essas idéias e agora procuram criar uma realidade que coadune [combine] com elas", afirmou Loyola.
De sua parte, o economista Armando Castelar Pinheiro, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), afirmou que hoje 50% do crédito disponível para investimentos no Brasil tem como origem o banco estatal. "Não parece condizente com uma idéia de um Estado menos intervencionista."
Na semana passada, o governo anunciou que pode tornar mais flexíveis as regras de exigência de patrimônio mínimo dos bancos para cobrir operações com moedas estrangeiras. As mudanças permitirão ao BNDES elevar seu programa de empréstimos em R$ 7 bilhões a partir de 2004. Nestes ano, a oferta de crédito do banco ficará em US$ 34,7 bilhões.


Colaborou a Folha Online


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