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Armínio defende
papel menor
para o BNDES
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga defendeu ontem que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) reduza no médio
prazo sua oferta de crédito à economia como forma de estimular o
mercado de capitais a se firmar
como fonte de financiamentos.
"Temos uma tradição histórica
caríssima de bancos públicos.
Nos últimos anos houve melhora
nessa situação, promoveu-se uma
limpeza nos bancos estaduais, a
maioria foi privatizada, os que
restaram são fiscalizados pelo
BC", argumentou Armínio. "A
existência do banco público é um
inibidor do setor bancário forte."
Segundo o ex-presidente do BC,
o BNDES "deve cumprir papel de
transição enquanto se constroem
mecanismos [que fomentem o financiamento via mercado de capitais e bancos privados) mais
fortes". "Na verdade, acredito que
esse papel deveria caber ao Banco
do Brasil e à Caixa", argumentou.
De acordo com Fraga, o BNDES
deveria ter missão complementar
como fonte de financiamento, "e
não substituto" do mercado de
capitais. Mas admitiu que, dada a
atual estrutura, o banco é essencial por disponibilizar recursos
com prazos e taxas de juros que o
mercado não oferece.
Muito menos complacente foi o
também ex-presidente do BC
Gustavo Loyola, que não poupou
a atual diretoria do BNDES, ao citar a operação de compra por R$
1,5 bilhão de 8,5% do capital da
Valepar, a holding que controla a
Vale do Rio Doce. A medida recebeu críticas por parte de integrantes do governo, que consideraram
que poderia ser avaliada como
uma movimento de reestatização.
O presidente do BNDES, Carlos
Lessa, disse à época que o Estado
precisa interferir em setores "estruturantes" para o país.
"Essa agenda veio do passado.
Descongelaram essas idéias e agora procuram criar uma realidade
que coadune [combine] com
elas", afirmou Loyola.
De sua parte, o economista Armando Castelar Pinheiro, do Ipea
(Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada), afirmou que hoje 50%
do crédito disponível para investimentos no Brasil tem como origem o banco estatal. "Não parece
condizente com uma idéia de um
Estado menos intervencionista."
Na semana passada, o governo
anunciou que pode tornar mais
flexíveis as regras de exigência de
patrimônio mínimo dos bancos
para cobrir operações com moedas estrangeiras. As mudanças
permitirão ao BNDES elevar seu
programa de empréstimos em R$
7 bilhões a partir de 2004. Nestes
ano, a oferta de crédito do banco
ficará em US$ 34,7 bilhões.
Colaborou a Folha Online
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