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EFEITOS
Revisão foi feita com base na provável redução de compras da Argentina
Superávit do Brasil cairá até US$ 1 bi
ÉRICA FRAGA
MARCELO MOTA
DA REPORTAGEM LOCAL
O agravamento da crise argentina está levando bancos de investimento e institutos ligados às exportações a revisar para baixo
suas estimativas de superávit comercial para o Brasil em 2002. Há
economistas, ouvidos pela Folha,
que já estão reduzindo suas projeções de saldo positivo para a balança em até US$ 1 bilhão.
"As exportações brasileiras já tiveram uma queda expressiva para a Argentina em 2001 e isso deverá se repetir neste ano", disse
Octávio de Barros, economista-chefe do BBV, que está revendo
sua estimativa de superávit comercial de US$ 4,7 bilhões para
um número um pouco inferior a
US$ 4 bilhões.
A recuperação da balança comercial brasileira e a desvalorização do real no fim do ano passado
levaram os economistas a fazerem estimativas bastante positivas para a balança comercial brasileira neste ano. A piora da crise
na Argentina, no entanto, arrefeceu um pouco esse otimismo.
Com a desvalorização do peso,
acredita-se que os produtos argentinos ganharão competitividade no mercado brasileiro. Além
disso, nossas exportações para a
Argentina, que já haviam caído
US$ 1,2 bilhão em 2001, podem
repetir a dose neste ano.
"As exportações brasileiras deverão cair novamente entre US$
500 milhões e US$ 1 bilhão neste
ano", diz Elson Yassuda, economista da Hedging-Griffo que mudou sua estimativa de superávit
comercial de US$ 5 bilhões para
US$ 4 bilhões em 2002.
O diretor da Unibanco Asset
Management, Jorge Simino, lembra que o calote de importadores
argentinos é outro fator que poderá prejudicar nossa balança. Ele
espera que a Argentina traga um
impacto negativo de US$ 1 bilhão
na balança comercial brasileira.
"Estamos com uma estimativa
de superávit de US$ 4 bilhões e
não revimos esse número porque
já estávamos mais pessimistas em
relação à Argentina do que a média do mercado no ano passado",
afirmou Simino.
Segundo o economista-chefe do
Lloyds, Odair Abate, os efeitos da
crise argentina para o Brasil ainda
não podem ser completamente
avaliados. "Ainda precisamos saber em quanto o peso vai se desvalorizar e quanto tempo durará a
recessão argentina para podermos ter uma idéia mais clara dos
impactos para o Brasil", disse
Abate. O economista do Lloyds
estimava um saldo positivo de até
US$ 6 bilhões para a balança neste
ano. Agora, acredita em um superávit mais modesto de, aproximadamente, US$ 5 bilhões.
A desvalorização do peso também trará efeitos negativos sobre
a balança comercial brasileira que
não passam diretamente pela relação bilateral entre os dois países.
A AEB (Associação de Comércio
Exterior do Brasil) acredita, por
exemplo, que, com a desvalorização do peso, a Argentina poderá
adotar uma política agressiva para ganhar uma maior fatia do
mercado externo.
Isso poderá derrubar, segundo
José Augusto de Castro, diretor da
AEB, os preços da soja, principal
produto de exportação brasileiro.
Por isso, a AEB também está revendo sua projeção de superávit
da balança para baixo. A estimativa anterior da instituição era de
US$ 4,1 bilhões.
Compensação
Embora acreditem que a crise
argentina continuará afetando
nossa balança comercial, há economistas que apostam que esse
impacto negativo será compensado de outras formas.
"Já há quem preveja a recuperação econômica dos Estados Unidos ainda neste primeiro trimestre", diz, João Antonio Pena, economista-chefe do BankBoston.
Pena não vai baixar, por enquanto, a projeção do banco para o saldo deste ano, que é de um superávit de US$ 4,8 bilhões.
A conquista de novos mercados
pelo Brasil é um dos fatores que
levam o economista Luiz Fernando Cezário, do ABN-Amro, a
manter sua projeção de superávit
entre US$ 4 e US$ 5 bilhões.
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