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São Paulo, terça-feira, 11 de fevereiro de 2003

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NOVA ADMINISTRAÇÃO

Novo presidente da instituição diz que agricultores familiares precisam ter acesso a novas tecnologias

Pequeno produtor será o foco da Embrapa

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os agricultores familiares e os pequenos produtores serão o foco das atenções da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) na gestão de seu novo presidente, o engenheiro agrônomo Clayton Campanhola, 47.
Ao longo dos próximos quatro anos -o mandato do presidente da Embrapa é coincidente com o do presidente da República-, Campanhola pretende ampliar o raio de atuação da instituição. Em coro com os princípios sociais do governo, a Embrapa vai voltar os olhos para o fortalecimento da agricultura familiar e para o combate da exclusão social no campo.
"Nos últimos anos, a Embrapa se concentrava nas grandes cadeias do agribusiness. O pequenos agricultor ficava meio de lado", declarou o presidente.
Esse comportamento identificado por Campanhola é fruto da dificuldade de transferir tecnologia para os produtores de pequeno porte. Segundo ele, para os grandes produtores -aproximadamente 500 mil- a organização de workshops e dias de campo são suficientes para divulgar novas técnicas rurais.
Já para os pequenos -cerca de 5 milhões- a tarefa é mais árdua, até porque eles constituem um grupo heterogêneo. Há desde o agricultor familiar altamente qualificado, como em áreas do Sul do país, até os produtores de subsistência, sobretudo no Nordeste.
Para fazer com que os novos projetos para a pequena agricultura cheguem aos seus destinatários, a empresa pretende estimular arranjos institucionais com ONGs, com cooperativas de produtores e com o Sebrae, aproveitando que o órgão já possui uma rede de postos de atendimento em diversos pontos do Brasil.
Uma das principais ações previstas para os próximos anos é a difusão de tecnologias para a agricultura orgânica. "Há muitos conhecimentos empíricos dos pequenos produtores que necessitam de validação científica", disse Campanhola.
Com esse intuito, o presidente da instituição afirmou que dará ênfase à criação de soluções para o combate de problemas fitossanitários e de pragas nos cultivos orgânicos.
O auxílio para a criação de um selo nacional de certificação para produtos da agricultura familiar produzidos de forma ecológica e sustentável também está nos planos da empresa.
Com relação à questão dos transgênicos, a cautela vai nortear a atuação da Embrapa. Na sua avaliação, a competência da Embrapa é produzir conhecimento científico sobre a segurança desses produtos e cada caso deve ser analisado isoladamente. "É preciso ter certeza de que esses produtos não trazem danos para a saúde e para o ambiente", disse.

Projeto Cenários
Apesar da atenção dispensada para a pequena agricultura, os projetos de grande porte da Embrapa não serão relegados a um segundo plano. O Projeto Cenários, cujas diretrizes foram lançadas em agosto do ano passado, tem como objetivo mapear a situação dos setores de pesquisa e desenvolvimento da agricultura brasileira pelos próximos 10 anos. Outro foco é desenhar grandes estratégias para municiar os produtores contra as barreiras protecionistas do mercado internacional.
"O Projeto Cenários vai buscar criar ou aprimorar novos produtos que tenham aceitação no mercado internacional para contornar as barreiras existentes", afirmou Campanhola.


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