|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NO AR
Representantes das empresas apresentam a proposta de criação de uma gestora de vôos compartilhados das duas
Fusão Varig/TAM é adiada por dois anos
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
MAELI PRADO
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
Uma eventual fusão das empresas aéreas Varig e TAM -que há
um ano assinaram um protocolo
de intenções para se tornarem
uma só empresa- foi adiada por
pelo menos mais dois anos.
Ontem, representantes das
companhias apresentaram aos
órgãos de defesa da concorrência
a proposta de criação, em um prazo de 120 dias, de uma empresa
gestora dos vôos compartilhados
pelas duas companhias.
A nova sociedade seria uma espécie de transição para uma possível fusão em dois ou três anos.
Pelo modelo, Varig e TAM continuariam com estruturas societárias e gestão administrativa e financeira independentes.
É uma resposta ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa
Econômica), que nas últimas semanas vinha demonstrando impaciência com os sinais das duas
empresas de que não desejavam
mais uma união societária. Há algumas semanas, o órgão determinou que as empresas se posicionassem, até ontem, sobre a fusão.
O órgão deu a aprovação para as
duas companhias aéreas realizarem o compartilhamento de vôos
("code-share") -apontado como um dos principais responsáveis pela melhora na situação financeira das empresas- como
uma etapa preliminar da fusão, e
tem o poder de revogá-lo. Hoje, o
"code-share" abrange 66% dos
vôos de cada uma das empresas.
As empresas afastam a possibilidade de fusão imediata, argumentando que precisam de um
prazo para reestruturação. Dizem
que a fusão implicaria riscos e exigiria um grande volume de recursos para capitalização e para saneamento dos passivos.
Segundo Luciano Coutinho,
consultor que atua no processo de
fusão, após a criação da empresa
gestora, há a intenção de elevar o
número de vôos compartilhados,
chegando a 100%. Para instituir a
nova sociedade, no entanto, Varig
e TAM precisarão se enquadrar
nas regras que o governo fixará
para o compartilhamento de
vôos. Hoje, a legislação é omissa
sobre esse tipo de prática.
As secretarias de Acompanhamento Econômico e de Direito
Econômico, além do Cade (Conselho Administrativo de Defesa
Econômica), analisam o "code-share". O secretário de Acompanhamento Econômico, José Tavares, afirmou que nas próximas semanas a análise será concluída.
"O resultado da análise trará um
quadro claro para as empresas de
como as autoridades encaram o
"code-share". Isso dará um balizamento de como o sistema pode
operar", disse Tavares. Em seguida, de acordo com o secretário,
será preparado um documento a
ser discutido no Conac (Conselho
Nacional de Aviação Civil) para
regulamentar o assunto.
A diretora do DPDE (Departamento de Proteção e Defesa Econômica), Bárbara Rosenberg,
destacou que, enquanto a nova
modelagem não for autorizada
pelos órgãos de defesa da concorrência, nada muda.
Coutinho disse que a empresa
gestora garantirá maior eficiência
para as duas companhias no compartilhamento dos vôos. "O que
poderá ser dividido com os consumidores", afirmou.
Segundo ele, a nova empresa ficaria responsável também por endosso automático de bilhetes entre as empresas; redução de cancelamento de vôos, devido a um
maior planejamento; sistema de
atendimento ao cliente mais rápido; adoção de políticas de redução tarifária. Para Coutinho, a nova modelagem, assim como o
atual compartilhamento de vôos,
não afeta a concorrência.
Texto Anterior: Fábrica sob intervenção pode parar Próximo Texto: Empresas perdem mercado em 2003 Índice
|