São Paulo, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2004

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SOSSEGA, DRAGÃO

Primeira prévia deste mês fica em 0,08%, ante 0,33% em igual período de janeiro; atacado puxa queda

Após soluço, IGP-M mostra desaceleração

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Depois do "soluço" de janeiro, a inflação já começa a dar sinais de desaceleração. Divulgada ontem pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), a primeira prévia do IGP-M (Índice Geral de Preços-Mercado) de fevereiro ficou em 0,08%. Em igual período de janeiro, o índice havia ficado em 0,33%.
O recuo ocorreu por causa da queda dos preços no atacado no início deste mês. O IPA (Índice de Preços por Atacado) teve deflação de 0,09%. Havia subido 0,40% na primeira prévia de janeiro.
Para Alexandre S'Antanna, economista da administradora de recursos ARX Capital, o resultado revela que a inflação está sob controle e que a alta de janeiro foi sazonal. Esse é o mesmo argumento da equipe econômica do governo usado para explicar o aumento da inflação no mês passado. "O IGP-M ficou abaixo do que prevíamos", afirmou S'Antanna. Para o índice fechado de fevereiro, ele estima uma taxa de 0,28%.
O principal motivo para a redução, segundo a FGV, é a queda dos preços dos produtos agrícolas, especialmente de bovinos, ovos, aves e leite. Para Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas da FGV, além dos agrícolas, os preços de insumos ligados ao aço (cujo preço subiu no último mês) estão desacelerando.
"A pressão sazonal dos legumes e frutas acabou. O ferro, o aço e derivados, que foram os vilões, não são mais. É um primeiro passo para um cenário de estabilidade", disse Quadros.
Apesar da retração dos preços no atacado, os itens do varejo tiveram alta. O IPC (Índice de Preços ao Consumidor) subiu de 0,18% para 0,44%. É um sinal de que o comércio está repassando agora os aumentos que aconteceram no atacado no mês passado.
Segundo S'Antanna, o IPC só ficou pressionado por causa do aumento das mensalidades escolares. "Essa alta explica praticamente toda a variação do índice", disse. No IPC, o grupo educação, leitura e recreação subiu 1,77%, acima da taxa de janeiro (0,29%).
Para S'Antanna, as pressões das matrículas e dos alimentos vão "se dissipar rapidamente" e o Banco Central terá espaço para voltar a reduzir as taxas de juros.
Ele diz, porém, que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de janeiro, a ser divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na sexta, será alto, assim como o de fevereiro, por conta da sua metodologia de captura das mensalidades. Ele estima uma taxa de 0,70% em janeiro e de 0,68% em fevereiro.


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