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Escassez de crédito eleva juros do BNDES
Empresários reclamam com o governo, que pressiona o banco; taxas cobradas ainda são abaixo da média
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O aumento do custo do dinheiro por causa da crise atingiu também o BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social). Ao anunciar ontem a flexibilização nas
regras para oferecer crédito às
empresas, o presidente do banco, Luciano Coutinho, admitiu
que os juros de algumas linhas
de financiamento subiram.
Com isso, uma modalidade
de capital de giro para investidores, que tinha incidência de
juros de 8,75%, passou a ter juros de 11,25% ao ano. A linha do
Finame (Financiamento de
Máquinas e Equipamentos)
passou de 7,15% ao ano para
7,97% ao ano para os empresários que quiserem financiar todo o valor da máquina.
Mesmo com o aumento, são
juros mais baixos do que a média de mercado. Segundo dados
de dezembro do Banco Central,
os juros médios cobrados em linhas de capital de giro são de
38,2%. Os juros médios para
empresas em qualquer linha
são de 30,7%.
Segundo Coutinho, o custo
médio das operações do
BNDES subiu de 8,34% ao ano
para 8,51%. Os juros finais variam conforme a linha de financiamento e o risco da empresa.
O governo já havia recebido
reclamações do setor privado
de que o dinheiro do BNDES
estava muito caro. Coube ao
Ministério da Fazenda fazer o
recado chegar ao banco e pressionar por mudanças. O
BNDES nega interferência.
Ainda assim, pressionado pelo governo, o banco reduziu os
juros de uma linha de capital de
giro chamada PEC (Programa
Especial de Crédito) de 16,05%
para 14,5%. Essa modalidade de
financiamento pode ser contratada por empresa de qualquer setor, mesmo que não esteja com planos de investir. O
banco também aumentou o
prazo da operação, de 13 meses
para 36 meses. Outra linha que
teve redução dos juros foi a de
pré-embarque. O crédito tomado para exportação de bens de
capital caiu de 13% para 11,25%
ao ano. E para exportação de
bens de consumo caiu de 15%
para 13,75% ao ano.
Coutinho disse que 60% das
operações do banco continuarão com juros mais baixos, tendo a TJLP como referência.
Nessas operações estão incluídas todas as obras do PAC, além
de projetos de investimentos
sociais e inovação tecnológica.
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