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DESVALORIZAÇÃO
BC planejava lançar títulos
Real frustra emissão de bônus, diz Franco
TONI SCIARRETTA
da Sucursal do Rio
A desvalorização do real frustrou
os planos do Banco Central de voltar a tomar dinheiro emprestado
no exterior no início deste ano.
Segundo revelou à Folha o ex-presidente do BC Gustavo Franco,
no final do ano passado o governo
planejava fazer uma grande emissão de títulos da República do Brasil perto de março deste ano.
Franco afirmou que o momento
ideal seria quando os principais títulos da dívida externa brasileira
começassem a ser negociados no
exterior com deságio e juros próximos aos pagos pelos títulos da Argentina e do México -países que
historicamente apresentam o mesmo tipo de risco que o Brasil.
Depois da moratória russa, em
setembro de 98, o risco dos títulos
da dívida externa brasileira aumentaram. O C-Bond, título da dívida brasileira mais negociado no
exterior, chegou a ser negociado
com rendimento de 1.500 pontos
básicos (15 pontos percentuais)
acima dos títulos da dívida norte-americana de mesma duração.
Na ocasião, os títulos argentinos
chegaram a 1.400 pontos básicos
acima dos norte-americanos, e os
mexicanos, a 1.200. ""Se as coisas tivessem ficado do jeito que estavam, isso poderia acontecer mais
ou menos agora", disse Franco.
O BC chegou a estudar várias
propostas de bancos estrangeiros
para coordenar a captação de dinheiro. Uma delas foi feita pelo
Deutsche Bank no final de novembro, poucos dias depois de ele ter
liderado, junto do norte-americano JP Morgan, uma emissão de bônus para a Argentina.
A Argentina surpreendeu o mercado em 18 de novembro lançando
US$ 1 bilhão em títulos de sete
anos. A emissão argentina foi considerada um sucesso, reabrindo o
crédito internacional aos países da
América Latina, que estava fechado desde a moratória russa.
O ""sucesso" no lançamento de
um bônus é medido pelas condições que os compradores exigem.
Quanto menores o juro e o deságio
pedido pelos estrangeiros, maior o
""sucesso" da operação.
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