São Paulo, Quinta-feira, 11 de Março de 1999
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SISTEMA FINANCEIRO
Banco Nacional de Paris quer comprar o Société Générale e o Paribas, principais concorrentes franceses
Fusão pode criar maior banco do mundo

MARIANA SGARIONI
de Paris

O BNP (Banco Nacional de Paris) lançou na noite da última terça-feira uma oferta pública aos seus dois principais concorrentes franceses, o Société Générale e o Paribas, que já anunciaram sua fusão no mês passado.
Caso os três bancos se fundam, a nova sociedade, provisoriamente chamada de SBP (sigla que leva as iniciais das três instituições), se situará, no ranking por ativos, em primeiro lugar entre os bancos mundiais, com cerca de US$ 1 trilhão.
Com um valor de mercado na Bolsa de pelo menos US$ 50 bilhões, o SBP ficaria em terceiro lugar, atrás do Lloyds-TSB e do HSBC. Em fundos próprios, o novo banco seria o maior da Europa.
De acordo com o presidente do BNP, Michel Pébereau, o objetivo da operação é o de "criar um campeão bancário europeu".
"Constatamos uma aproximação dos grandes bancos em toda a Europa. O novo grupo SBP teria uma base industrial bastante sólida, o que nos permitiria o desenvolvimento de áreas diferentes", afirmou.
Para ele, foi com a chegada do euro, a moeda única européia, no início deste ano, que houve a aceleração do movimento de reestruturação bancária em todo o continente.
O BNP propõe a troca de sete ações do Société Génerale por 15 suas, ou 11 ações do BNP por oito ações do Paribas. Toda a operação será paga em títulos BNP.
A operação poderá ser avaliada em cerca de US$ 40,17 bilhões, caso os títulos juntos do Paribas e do Société Générale sejam levados à oferta -que ainda tem de receber o aval do Conselho dos Mercados Financeiros, equivalente à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) no Brasil.
O Société Générale e o Paribas divulgaram ontem um comunicado, afirmando que a iniciativa do BNP pode ser considerada como "arriscada e hostil". A direção dos dois bancos teria sido avisada da oferta do BNP momentos antes de ela ser lançada no mercado.

Espera dos mercados
Os presidentes do Paribas e do Société Générale, André Lévy-Lang e Daniel Bouton, afirmaram ainda que, "em nenhum momento, desde que foi anunciada a fusão dos dois bancos, foi cogitada a idéia de uma união a três com o BNP".
Os mercados esperam agora a retomada das cotações das ações dos três bancos, que foram suspensas ontem na Bolsa de Paris.
O ministro da Economia e das Finanças da França, Dominique Strauss-Kahn, que recentemente fez um apelo à urgência de um terceiro grande pólo bancário francês para atuar ao lado do Société Générale/Paribas e do Crédit Agricole, afirmou que "os três protagonistas não podem deixar de tomar decisões que respeitem o bom funcionamento do mercado, dos interesses industriais e sociais".

Impacto no emprego
Mas a operação já está gerando polêmica junto às entidades sindicais, que prevêem uma provável supressão de empregos, caso a fusão seja consumada.
"Isso é um delírio de Pébereau. Se houver essa fusão, veremos uma quebra social sem precedente na França, um banho de sangue social", afirmou ontem à uma rádio francesa, Jean-Claude Piacentile, secretário-adjunto do sindicato "Força Operária dos Bancos".


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