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SISTEMA FINANCEIRO
Banco Nacional de Paris quer comprar o Société Générale e o Paribas, principais concorrentes franceses
Fusão pode criar maior banco do mundo
MARIANA SGARIONI
de Paris
O BNP (Banco Nacional de Paris)
lançou na noite da última terça-feira uma oferta pública aos seus
dois principais concorrentes franceses, o Société Générale e o Paribas, que já anunciaram sua fusão
no mês passado.
Caso os três bancos se fundam, a
nova sociedade, provisoriamente
chamada de SBP (sigla que leva as
iniciais das três instituições), se situará, no ranking por ativos, em
primeiro lugar entre os bancos
mundiais, com cerca de US$ 1 trilhão.
Com um valor de mercado na
Bolsa de pelo menos US$ 50 bilhões, o SBP ficaria em terceiro lugar, atrás do Lloyds-TSB e do
HSBC. Em fundos próprios, o novo banco seria o maior da Europa.
De acordo com o presidente do
BNP, Michel Pébereau, o objetivo
da operação é o de "criar um campeão bancário europeu".
"Constatamos uma aproximação dos grandes bancos em toda a
Europa. O novo grupo SBP teria
uma base industrial bastante sólida, o que nos permitiria o desenvolvimento de áreas diferentes",
afirmou.
Para ele, foi com a chegada do
euro, a moeda única européia, no
início deste ano, que houve a aceleração do movimento de reestruturação bancária em todo o continente.
O BNP propõe a troca de sete
ações do Société Génerale por 15
suas, ou 11 ações do BNP por oito
ações do Paribas. Toda a operação
será paga em títulos BNP.
A operação poderá ser avaliada
em cerca de US$ 40,17 bilhões, caso
os títulos juntos do Paribas e do
Société Générale sejam levados à
oferta -que ainda tem de receber
o aval do Conselho dos Mercados
Financeiros, equivalente à CVM
(Comissão de Valores Mobiliários) no Brasil.
O Société Générale e o Paribas divulgaram ontem um comunicado,
afirmando que a iniciativa do BNP
pode ser considerada como "arriscada e hostil". A direção dos dois
bancos teria sido avisada da oferta
do BNP momentos antes de ela ser
lançada no mercado.
Espera dos mercados
Os presidentes do Paribas e do
Société Générale, André Lévy-Lang e Daniel Bouton, afirmaram
ainda que, "em nenhum momento, desde que foi anunciada a fusão
dos dois bancos, foi cogitada a
idéia de uma união a três com o
BNP".
Os mercados esperam agora a retomada das cotações das ações dos
três bancos, que foram suspensas
ontem na Bolsa de Paris.
O ministro da Economia e das Finanças da França, Dominique
Strauss-Kahn, que recentemente
fez um apelo à urgência de um terceiro grande pólo bancário francês
para atuar ao lado do Société Générale/Paribas e do Crédit Agricole, afirmou que "os três protagonistas não podem deixar de tomar
decisões que respeitem o bom funcionamento do mercado, dos interesses industriais e sociais".
Impacto no emprego
Mas a operação já está gerando
polêmica junto às entidades sindicais, que prevêem uma provável
supressão de empregos, caso a fusão seja consumada.
"Isso é um delírio de Pébereau.
Se houver essa fusão, veremos uma
quebra social sem precedente na
França, um banho de sangue social", afirmou ontem à uma rádio
francesa, Jean-Claude Piacentile,
secretário-adjunto do sindicato
"Força Operária dos Bancos".
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