São Paulo, quarta-feira, 11 de abril de 2001 |
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ESTIVA Órgão gestor acusa sindicato de pré-escalar portuários para induzir escolha no primeiro dia de trabalho após a greve Escala falha, e porto permanece parado
FAUSTO SIQUEIRA DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS No primeiro dia em que os estivadores se apresentaram para o serviço -após o anúncio do fim da greve de 14 dias pelo sindicato da categoria-, o Ogmo não conseguiu fazer a escalação dos trabalhadores e o porto de Santos permaneceu parcialmente parado. Nelson Domingos De Giulio, gerente operacional do Ogmo (Órgão Gestor da Mão-de-Obra, controlado pelos empresas do setor portuário), disse que não houve escalação devido a um boicote do sindicato. Segundo ele, os estivadores fizeram uma pré-escalação no sindicato a fim de induzir a escolha pelo Ogmo dos trabalhadores previamente determinados para trabalhar. O fiscal do Ministério do Trabalho Sérgio Bambino, que acompanhava ontem as atividades do Ogmo no cais, disse ter constatado a manobra e afirmou que a intenção do sindicato foi estabelecer um artifício para burlar a escalação do Ogmo. "Eles (os estivadores) fizeram a pré-escala e querem que se cantem todos os números até que se chegue aos números daqueles que eles escalaram. Isso é fraude", declarou Bambino, para quem a estratégia demonstra que a greve não acabou. O sindicalista João Aristides Saldanha Fonseca negou a confecção de escalas prévias e disse que não houve distribuição dos serviços por "incompetência" do Ogmo. "O trabalhador não está indo lá? Não era isso o que eles queriam? Com o sistema anterior, o porto funcionava direitinho. Agora, por não ter competência nem conhecimento de causa, o Ogmo não consegue escalar. A prova está aí." Os estivadores paralisaram o trabalho por 14 dias porque não aceitavam a transferência, determinada por lei e reforçada por sentença judicial, da escala de trabalho do sindicato para o Ogmo. Eles também rejeitam a nova modalidade de escalação do Ogmo (por ordem numérica) e querem a manutenção do antigo sistema, no qual o escalador do sindicato escolhe, a seu critério, os trabalhadores das equipes. O presidente da ABTP (Associação Brasileira de Terminais Portuários), Wilen Manteli, disse que enviou ontem um documento ao governador Geraldo Alckmin solicitando a manutenção do aparato policial no porto até que seja concluída a transição da escala para o Ogmo. Segundo ele, o anúncio do fim da greve foi uma estratégia "para desarmar todo mundo". "Se a PM voltar para São Paulo, os terminais vão ficar à mercê da violência e levaremos mais 10 ou 20 anos para mudar o porto de Santos." Prejuízo de R$ 250 milhões De acordo com o presidente da ABTP, representante da maioria dos terminais privados do país, estimativa conservadora indica que as perdas acumuladas devido à greve somam R$ 250 milhões. "Mas a maior perda é a da confiança dos parceiros comerciais no mercado internacional. Estamos deixando de fazer negócios futuros justamente em um momento em que o governo busca elevar as exportações", declarou. Com o anúncio do fim da greve, 11 navios deixaram ontem a barra de Santos, onde estavam ancorados, e atracaram. No total, às 17h, havia 25 atracados, mas, desses, somente 18 operavam. O diretor de Assuntos Corporativos da Santos-Brasil, arrendatária do Tecon (Terminal de Contêineres), João Arthur Pereira de Mello, afirmou que ontem a empresa continuava utilizando tripulantes dos navios para executar as operações de carga e descarga no lugar dos estivadores. Texto Anterior: Mercosul: Argentina paga mais para financiar dívida Próximo Texto: Confusão sobre par e ímpar marca primeiro dia Índice |
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