VANESSA ADACHI
CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local

As ações voltam a parecer tentadoras aos olhos dos investidores, depois de amargarem profunda desvalorização em 98 e nos primeiros dias deste ano.
A Bolsa de Valores de São Paulo já subiu mais de 60% desde o início do ano e os fundos de ações acumularam valorização de quase 50% até o fim de março.
É a melhor aplicação de 99 até o momento. As ações já superaram até mesmo o dólar. Descontada a desvalorização cambial, o ganho da Bolsa está quase batendo em 20% no ano.
Os grandes investidores, profissionais desse mercado, perceberam logo a possibilidade de ganho. Os pequenos começam agora a ser seduzidos pela idéia. As constantes notícias de que a Bolsa não pára de subir e de que os juros tendem a cair levam ao raciocínio inevitável: será que não é melhor sair do fundo de renda fixa e da poupança e entrar em um fundo de ações?
É quase unanimidade entre os especialistas da área que a Bolsa deve subir mais daqui para a frente. Alguns falam em 20% a 25% nos próximos 12 meses.
Mas isso não deve ser encarado como único argumento. É preciso critério e sangue frio.
"O grande negócio da Bolsa é comprar quando os preços estão baixos e vender quando estão altos. O problema é que o pequeno investidor quase sempre acaba fazendo o contrário", diz Júlio Ziegelmann, diretor da BankBoston Asset Management.
"Quando o preço está baixo, todas as notícias são negativas, o que afasta o pequeno investidor. Quando tudo está bem e ele se sente atraído, a Bolsa já subiu muito."
Ninguém esquece o que aconteceu em 97. A Bolsa subiu mais de 90% no primeiro semestre do ano. Quando os pequenos finalmente decidiram entrar já era tarde. Veio a crise asiática e perdeu-se muito. Quem entrou um pouco antes da crise até hoje não recuperou tudo o que investiu.
"Se o investidor tem pelo menos 12 meses pela frente para deixar o dinheiro parado, a Bolsa é boa opção. Mas, se colocar o dinheiro agora e tirar no mês que vem no primeiro susto que tiver, o investidor pode perder", diz Jorge Simino, diretor da Unibanco Asset Management.
Simino diz isso porque os especialistas prevêem um caminho cheio de sobressaltos para a Bolsa. A tendência é de alta, dizem, mas com grande volatilidade.
"Quem entrar agora corre o risco de perder 10% a 15% se houver algum revés. É preciso estar preparado para esperar isso passar", diz Ziegelmann.
Marcelo Guterman, da Lloyds Asset Management, é mais enfático em relação às possibilidades de ganhos. ""Podem haver algumas quedas pontuais, mas a alta na Bolsa está apenas começando." Para ele, a Bolsa tem subido com volume e consistência. "Não é mera especulação. A inflação é menor do que a esperada, o dólar e os juros estão caindo", diz ele.


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