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Cumprir os objetivos é difícil, afirma especialista
de Washington
Anunciar metas inflacionárias é
fácil. O difícil é cumpri-las.
Em entrevista à Folha, John
Green, economista formado pelo
MIT (Massachusetts Institute of
Technology) e integrante do departamento de pesquisas do FMI,
diz que "a tarefa envolve riscos e
uma enorme capacidade de prever
tendências".
Autor de um trabalho técnico sobre "inflation targeting" preparado para o próprio Fundo, ele diz
que o modelo depende diretamente das expectativas do mercado e
que, por essa razão, só funciona se
as ações do banco central forem
confiáveis.
"Metas inflacionárias por si só
não funcionam", diz ele. "É preciso
que o mercado acredite nas intenções do governo em segui-las e na
capacidade do banco central de
antecipar e de corrigir distorções",
disse ele.
Sem se referir ao caso brasileiro
(ele se especializou no caso europeu), Green relata que, ao estipular
metas inflacionárias e guiar as expectativas do setor privado, os governos podem se sentir tentados,
no meio do processo, a expandir a
oferta monetária para aquecer a
economia.
"O governo pode achar que conseguirá aumentar a produção e
manter a inflação controlada, mas
os mercados não são inocentes.
Eles logo percebem o movimento e
mudam suas projeções. A inflação
sobe sem que a economia cresça",
disse ele.
Em seu trabalho, Green propõe a
adoção de metas conjuntas de inflação e de produção, como forma
de dar ainda mais credibilidade ao
modelo.
Pelo menos sete países industrializados mantêm hoje sistemas de
metas inflacionárias: Nova Zelândia, Canadá, Inglaterra, Suécia, Finlândia, Austrália e Espanha. O
México é o país em desenvolvimento mais avançado na implantação desse modelo, mas os resultados ainda não podem ser avaliados.
Esses países adotaram o modelo
como resposta às dificuldades que
encontraram na condução de sistemas baseados em câmbios fixos
ou no controle da expansão monetária.
Cada país tem um sistema diferente do outro. No caso da Nova
Zelândia, primeira economia a
adotar o modelo, em 1989, o presidente do banco central pode ser
demitido se a meta inflacionária
não for atingida. O governo permite que as metas sejam alteradas
quando há choques no comércio
internacional, expurgando esses
choques. Já na Inglaterra (modelo
que agrada ao presidente do BC
brasileiro, Armínio Fraga), mede-se a inflação excluindo-se os preços das prestações imobiliárias,
que têm um peso grande nos índices de inflação. "Cada país encontra sua própria maneira de implantar o modelo", diz ele.
Green explicou que, na prática,
quase todos os países mantêm metas inflacionárias.
"Mas só esses sete o fazem de maneira oficial", disse ele. "Os outros
têm metas não oficiais, que servem
para direcionar internamente a
política monetária".
(MA)
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