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TRABALHO
Investigação criminal vai apurar se foi a Caixa ou foram os bancos que erraram nos cálculos da reposição das perdas
Procuradoria vai investigar erro no FGTS
CLAUDIA ROLLI
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A Procuradoria da República no
Estado de São Paulo determinou
ontem a abertura de uma investigação criminal para apurar e esclarecer erros nos extratos do
FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço) -referentes às
perdas provocadas pelos planos
Verão e Collor 1- encaminhados
pela CEF e pelos bancos
O pedido foi encaminhado pelo
procurador Sérgio Gardenghi
Suiama, com base na reportagem
publicada pela Folha no último
domingo. A reportagem mostrou
que o Sindicato dos Metalúrgicos
de São Paulo constatou que os valores nos extratos encaminhados
pela CEF não coincidem com os
informados pelos bancos que operavam as contas do Fundo na época dos planos. De uma mostra de
60 extratos analisados, 18 apresentaram diferenças nos valores.
No pedido de instauração de investigação criminal, o procurador
afirma que "há indícios de prática
de crime contra o sistema financeiro nacional". "Precisamos saber se houve desvio de dinheiro e
para onde ele foi. Com a investigação, vamos verificar se o problema
é dos bancos ou se é da Caixa Econômica Federal", afirma Suiama.
O procurador explicou que a penalidade vai depender do tipo de
crime que poderá ser verificado
nas investigações, conforme prevê
a lei 7.492 de 1986 -a lei de crimes
contra o sistema financeiro. "A
punição depende do que pode ter
ocorrido: fraude, apropriação indébita ou desvio de recurso. Cada
crime prevê uma penalidade específica", diz. Ele informou que, após
a notificação que deve ser encaminhada em dois ou três dias à Caixa
e aos bancos, eles terão 15 dias para apresentar documentação e esclarecer o caso. Só então a Procuradoria iniciará as investigações.
O sindicato dos metalúrgicos
quer que a Justiça obrigue a CEF a
enviar extratos do crédito do
FGTS com cópia anexada do documento (extrato) na rede bancária que deu origem aos cálculos.
Esse pedido será incluído na documentação que o sindicato deve
encaminhar até amanhã à Procuradoria para pedir a suspensão do
acordo. O sindicato insiste na investigação das falhas nos extratos,
pois acredita que trabalhadores de
outras categorias enfrentam o
mesmo problema.
"A CEF e os bancos têm de mostrar os extratos originais para os
trabalhadores. Esse serviço tem de
ser grátis", diz Paulo Bonadies, advogado do sindicato. Levantamento feito pelo advogado mostra
que os bancos estão cobrando entre R$ 30 e R$ 60 para fornecer extratos da época, e o prazo para obtê-los demora de 30 a 60 dias.
Mais de 3.000 metalúrgicos procuraram ontem o sindicato para
esclarecer dúvidas em seus extratos. A procura foi tanta que a entidade instalou um telefone para
atender dúvidas dos metalúrgicos
de São Paulo sobre o assunto. O
número é 3242-3900.
"Também fomos procurados
por vários outros sindicatos. Eles
querem esclarecimentos", afirma
o presidente do sindicato, Ramiro
de Jesus Pinto.
No Sindicato dos Aeroviários de
São Paulo, que assim como os metalúrgicos ganhou ação na Justiça
para repor perdas do Plano Collor
1, também foram encontrados extratos com problemas. "Estamos
fazendo um levantamento para
saber quantos trabalhadores já
notaram diferenças nos valores",
diz Uébio José da Silva, presidente
do sindicato.
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