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Planalto deverá barrar FGTS para empregado doméstico
Governo não planeja editar nova MP ampliando direitos trabalhistas da categoria
Em encontro com trabalhadores, ministros afirmam apenas que
será criada uma comissão para discutir o assunto
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sem avanço nas negociações
com patrões e trabalhadores, o
governo passou a tratar com
mais ceticismo a possibilidade
de ampliar direitos trabalhistas
dos empregados domésticos.
Como já havia indicado, o
Planalto deverá vetar a obrigatoriedade do FGTS (Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço)
para as domésticas, incluída
pelo Congresso na medida provisória que concedeu benefícios fiscais aos empregadores
que assinam a carteira de trabalho dessas trabalhadoras.
Mas a possibilidade de editar
outra MP sobre o assunto -que
poderia, por exemplo, tornar
obrigatório o FGTS, mas sem a
multa rescisória de 40%- ficou
mais distante na reunião de ontem entre sindicalistas e os ministros Nelson Machado (Previdência) e Nilcéa Freire (Políticas para as Mulheres).
Os ministros não se comprometeram com essa proposta e
afirmaram que o governo criará
uma comissão tripartite para
discutir os direitos da categoria. O governo tem até o dia 20
para sancionar a MP.
Machado acrescentou que o
texto original da medida provisória deverá ser mantido pelo
presidente Lula, garantindo a
dedução da contribuição previdenciária de um empregado do
Imposto de Renda. "Não tem
como buscar acordo com categorias tão díspares. Queremos
separar com clareza as duas
pautas [direitos das empregadas e benefício fiscal]", disse.
Ele enfatizou que a intenção
do governo ao editar a MP era
aumentar a formalidade. Hoje,
dos 6 milhões de domésticos,
apenas 1,8 milhão tem carteira
assinada. Ainda segundo o ministro, pesquisas empíricas
mostram que a criação de novas obrigações para os patrões
pode ter o efeito contrário, aumentando a informalidade.
Para ele, os artigos incluídos
pelo Congresso avançam sobre
uma discussão que vinha acontecendo e deverá continuar.
"Vamos tomar uma decisão
com autonomia, assim como a
categoria vai buscar seus direitos com autonomia", afirmou.
"As trabalhadoras não abrem
mão dos seus direitos e não estamos aqui para pedir que elas
o façam. O governo vai terminar seus estudos e apresentar
ao presidente o que nós achamos que deve ser vetado. Ainda
não está fechado", disse Nilcéa,
evitando detalhar os pontos
que devem ser retirados da MP.
Apesar da tendência de veto
da MP, a representante da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas, Ione de
Oliveira, classificou a reunião
de "positiva". "Foi muito boa,
só pelo fato de que pela primeira vez alguém sentou conosco
para conversar", disse.
Dados do Ministério da Previdência mostram que o benefício fiscal para os patrões com o
desconto do IR seria de R$ 560
(já incluído o 13º salário e um
terço de férias). A dedução vale
para um empregado doméstico
que ganha um salário mínimo.
Já o custo do recolhimento do
FGTS mensal, mais a multa de
40%, é de R$ 522,67 por ano.
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