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ENERGIA
Barril do brent sobe 2% e chega a US$ 23,48
Alta do petróleo preocupa Fazenda
FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília
Os ministérios da Fazenda e de
Minas e Energia estão preocupados com a disparada do preço do
petróleo no mercado internacional, apurou a Folha.
O barril do petróleo tipo brent,
que serve como parâmetro para o
mercado mundial, voltou a subir
2% ontem e chegou a US$ 23,48.
O preço do produto acumula aumento de 11,7% na semana e está
em seu nível mais alto desde janeiro de 1997.
Do ponto de vista estritamente
técnico, a equipe econômica gostaria de reajustar os preços internos dos derivados de petróleo para compensar o aumento do produto no mercado internacional.
O que pesa contra essa medida é
o fato de que outros cinco aumentos nos preços dos combustíveis
já ocorreram neste ano em decorrência da disparada do dólar e dos
preços internacionais do petróleo
(o último foi no dia 7 de agosto,
quando a gasolina subiu 9% nas
refinarias).
Um sexto reajuste seria politicamente desgastante para o presidente Fernando Henrique Cardoso e pressionaria para cima os índices de inflação.
Entretanto, um novo reajuste
não está totalmente descartado
porque o aumento do preço no
mercado internacional está pressionando o déficit da balança comercial e pode comprometer a
meta de ajuste fiscal negociada
com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Pressões
O petróleo acumula alta de
134,8% desde o começo do ano. A
alta vertiginosa do produto começou em abril, com o início do
acordo firmado entre os países da
Opep (Organização dos Países
Exportadores de Petróleo).
O barril do brent passou de US$
10 em janeiro para os patamares
de hoje e deve chegar, até o fim do
ano, a US$ 25, o que deve levar a
um novo ajuste de preços dos
combustíveis no Brasil.
O estoque de petróleo nos EUA,
que chegou a 331,7 milhões de
barris, o menor nível em 20 meses, em razão da grande demanda
por parte das refinarias e a recuperação antecipada das economias asiáticas também deve impulsionar os preços e tornar inevitável uma nova alta dos preços
dos combustíveis no Brasil.
Outro agravante é que, com o
sucesso dos cortes, a Opep cogita
estender o acordo que estabeleceu
os cortes, previsto para terminar
em março do próximo ano.
O Brasil importa cerca de 40%
do petróleo consumido no país.
Para o ajuste fiscal, a equipe econômica espera contar com cerca
de R$ 3,2 bilhões de um fundo
chamado PPE (Parcela de Preço
Específico).
Esse fundo é formado pela lucratividade que a Petrobrás tem
ao comprar petróleo no mercado
internacional e vender derivados
do produto no mercado interno.
Cada vez que o petróleo sobe no
mercado internacional sem que
os preços internos dos derivados
sejam reajustados, a capacidade
da PPE de colaborar com o ajuste
fiscal fica menor.
Paralelamente, o acordo do FMI
prevê que os preços internos dos
derivados de petróleo terão que
ser atrelados ao comportamento
internacional do produto. Para a
Secretaria de Acompanhamento
Econômico (ligada ao Ministério
da Fazenda), isso terá que ocorrer
até agosto do ano que vem.
Procurado pela Folha desde o
início da noite de anteontem, o
ministro Rodolpho Tourinho
(Minas e Energia) não quis se pronunciar sobre o aumento do preço do petróleo no mercado internacional.
Ele passou o dia de ontem no
Rio, na sede da Petrobrás. Ainda
ontem ele viajaria para Nova
York, onde falará na segunda-feira em um seminário no World
Trade Center sobre a abertura do
mercado brasileiro de gás e petróleo.
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