São Paulo, Sábado, 11 de Setembro de 1999
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ENERGIA
Barril do brent sobe 2% e chega a US$ 23,48
Alta do petróleo preocupa Fazenda

FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília

Os ministérios da Fazenda e de Minas e Energia estão preocupados com a disparada do preço do petróleo no mercado internacional, apurou a Folha.
O barril do petróleo tipo brent, que serve como parâmetro para o mercado mundial, voltou a subir 2% ontem e chegou a US$ 23,48. O preço do produto acumula aumento de 11,7% na semana e está em seu nível mais alto desde janeiro de 1997.
Do ponto de vista estritamente técnico, a equipe econômica gostaria de reajustar os preços internos dos derivados de petróleo para compensar o aumento do produto no mercado internacional.
O que pesa contra essa medida é o fato de que outros cinco aumentos nos preços dos combustíveis já ocorreram neste ano em decorrência da disparada do dólar e dos preços internacionais do petróleo (o último foi no dia 7 de agosto, quando a gasolina subiu 9% nas refinarias).
Um sexto reajuste seria politicamente desgastante para o presidente Fernando Henrique Cardoso e pressionaria para cima os índices de inflação.
Entretanto, um novo reajuste não está totalmente descartado porque o aumento do preço no mercado internacional está pressionando o déficit da balança comercial e pode comprometer a meta de ajuste fiscal negociada com o FMI (Fundo Monetário Internacional).

Pressões
O petróleo acumula alta de 134,8% desde o começo do ano. A alta vertiginosa do produto começou em abril, com o início do acordo firmado entre os países da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).
O barril do brent passou de US$ 10 em janeiro para os patamares de hoje e deve chegar, até o fim do ano, a US$ 25, o que deve levar a um novo ajuste de preços dos combustíveis no Brasil.
O estoque de petróleo nos EUA, que chegou a 331,7 milhões de barris, o menor nível em 20 meses, em razão da grande demanda por parte das refinarias e a recuperação antecipada das economias asiáticas também deve impulsionar os preços e tornar inevitável uma nova alta dos preços dos combustíveis no Brasil.
Outro agravante é que, com o sucesso dos cortes, a Opep cogita estender o acordo que estabeleceu os cortes, previsto para terminar em março do próximo ano.
O Brasil importa cerca de 40% do petróleo consumido no país. Para o ajuste fiscal, a equipe econômica espera contar com cerca de R$ 3,2 bilhões de um fundo chamado PPE (Parcela de Preço Específico).
Esse fundo é formado pela lucratividade que a Petrobrás tem ao comprar petróleo no mercado internacional e vender derivados do produto no mercado interno.
Cada vez que o petróleo sobe no mercado internacional sem que os preços internos dos derivados sejam reajustados, a capacidade da PPE de colaborar com o ajuste fiscal fica menor.
Paralelamente, o acordo do FMI prevê que os preços internos dos derivados de petróleo terão que ser atrelados ao comportamento internacional do produto. Para a Secretaria de Acompanhamento Econômico (ligada ao Ministério da Fazenda), isso terá que ocorrer até agosto do ano que vem.
Procurado pela Folha desde o início da noite de anteontem, o ministro Rodolpho Tourinho (Minas e Energia) não quis se pronunciar sobre o aumento do preço do petróleo no mercado internacional.
Ele passou o dia de ontem no Rio, na sede da Petrobrás. Ainda ontem ele viajaria para Nova York, onde falará na segunda-feira em um seminário no World Trade Center sobre a abertura do mercado brasileiro de gás e petróleo.


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