São Paulo, Sábado, 11 de Setembro de 1999
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POLÍTICA MONETÁRIA
Instituição espera que mercado se auto-regule com as perdas provocadas pela queda do dólar
Oferta de hedge cairá aos poucos, diz BC

do FolhaNews

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Luiz Fernando Figueiredo, disse ontem que a instituição só vai deixar de fazer leilões de títulos cambiais (NBC-Es) de curto e longo prazo quando sentir que isso não vai causar "frisson" no mercado.
Segundo ele, a intenção do BC é diminuir a oferta de hedge de dólar de forma gradual.
"O Banco Central tem de fazer o possível para que o mercado se regule por si mesmo", disse Figueiredo, que esteve ontem em São Paulo.
"Só vamos deixar de atuar no mercado quando acharmos que ele aprendeu a atuar no regime de câmbio flexível, e isso só acontece por meio de perda", disse Figueiredo. "É claro que quem comprou títulos com dólar a R$ 2 não gostou (da recente queda da cotação)", disse.
Figueiredo disse que o BC só começou a leiloar títulos cambiais em 20 de agosto, quando o dólar estava próximo da cotação de R$ 2, porque sentiu que o sistema de câmbio flutuante não estava funcionando bem. Desde então o dólar baixou -fechou ontem a R$ 1,876.
Figueiredo disse que o BC não atuou ontem no mercado de câmbio oferecendo títulos cambiais de curto prazo porque não achou necessário.
Na última quarta-feira, o BC ofereceu NBC-Es de sete meses, mas acabou recusando as propostas devido à dispersão das taxas. O BC fez o reprise do leilão anteontem, quando foi então bem-sucedido.

Pressão
Figueiredo disse não acreditar que o dólar voltará a subir nos próximos dias devido à pressão de vencimentos de dívida que se concentram neste mês. Para ele, a tendência dos últimos dias é de baixa.

Juros
O diretor do Banco Central disse acreditar que no máximo em um ano os juros para o consumidor deverão cair significativamente, como efeito das recentes medidas da instituição.
Ele afirmou que a redução do compulsório para depósitos a prazo e à vista ainda não foi sentida nos caixas dos bancos, mas, mesmo assim, vários deles já reduziram as taxas de juro para pessoas físicas.
"É claro que, se em um ano nada tiver acontecido, alguma coisa precisará mudar."
Ele disse que num prazo de 15 a 30 dias terá uma avaliação e estudo de novas medidas para fazer com que os bancos reduzam os juros para o consumidor.
O diretor do BC não quis entrar em detalhes sobre quais seriam essas medidas.

Concorrência
Figueiredo discordou da tese de que o dinheiro que sobrará aos bancos, devido às reduções dos recolhimentos compulsórios, seja destinado para aplicações de títulos públicos de alta remuneração, em vez de ir para o crédito ao consumidor.
Ele admitiu, no entanto, que o efeito da redução do compulsório não será repassado totalmente ao crédito, contribuindo para a redução dos juros ao consumidor.
Ele disse que a concorrência entre os bancos terá um papel importante para fazer com que os juros ao consumidor caiam.


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