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CAUSA E EFEITO
Estudo mostra que consumidor descarta produto com reajuste elevado
Indústria vende o que sobe menos
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os produtos mais vendidos neste ano foram os que tiveram os
menores reajustes de preço. Já o
fornecedor que praticou aumentos acima da inflação foi boicotado pelo consumidor.
É possível perceber esse tipo de
comportamento em um estudo
realizado pelo Instituto de Pesquisas Nielsen e nas mãos de
grandes multinacionais do setor.
Os dados foram apresentados ontem, durante evento promovido
pela Câmara Americana de Comércio, em São Paulo, com presidentes de diversas indústrias.
Entre as mercadorias com as
maiores quedas nas vendas no
primeiro semestre, 80% subiram
acima da inflação no período. O
destaque fica para itens alimentícios, como pratos semiprontos
(produtos congelados), com redução de 23,5% em relação ao primeiro semestre de 2002, purê e
polpa de tomate e massa refrigerada, entre outros.
Já entre os produtos que apresentaram disparada nas vendas,
com aumento do volume comercializado, 90% foram itens com
reajustes abaixo da inflação. Isso
quer dizer que algumas indústrias, nesses casos, promoveram
aumentos menores e, portanto, tiveram até de reduzir sua margem
de lucro sobre o produto.
No entanto essas empresas puderam garantir o faturamento
vendendo quantidades maiores
de mercadorias.
O levantamento leva em conta
154 produtos e foi apresentado no
evento -que discutiu as perspectivas para 2004- pela direção da
Colgate-Palmolive.
"Uma recuperação na renda deve reverter esse cenário de queda
na demanda por itens com maiores reajustes. Mas ainda veremos,
por algum tempo, expansão na
venda de itens mais baratos, como marcas próprias, porque tivemos um forte tombo no rendimento", diz Roger Pratt, presidente da Colgate-Palmolive.
Entre as mercadorias com melhor desempenho de vendas no
ano estão café solúvel, adoçante e
fralda para incontinência (com a
maior alta, de 22,1%).
Exemplo: o café solúvel, na lista
dos dez itens com maior demanda, teve aumento de 13,6% nas
vendas de janeiro a junho. O produto sofreu reajuste (de julho de
2002 a junho de 2003) de 13,8%
-taxa inferior à da inflação.
Mais champanhe
Um destaque curioso fica para o
champanhe, que aparece em terceiro lugar na lista de itens com alta demanda em 2003. O produto
teve alta de 18% nas vendas em relação ao primeiro semestre de
2002. A bebida sofreu até deflação
neste ano -aumentou só 5,4%
em 12 meses.
O caso da redução nas vendas
de itens congelados é destacado
por analistas. Isso mostra que o
consumidor reagiu à recente escalada de aumentos, cortando itens
de maior valor agregado. E são
exatamente essas mercadorias
que têm sido o foco da indústria, e
parte principal de sua estratégia,
para garantir margem.
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