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São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 2003

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CAUSA E EFEITO

Estudo mostra que consumidor descarta produto com reajuste elevado

Indústria vende o que sobe menos

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os produtos mais vendidos neste ano foram os que tiveram os menores reajustes de preço. Já o fornecedor que praticou aumentos acima da inflação foi boicotado pelo consumidor.
É possível perceber esse tipo de comportamento em um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Nielsen e nas mãos de grandes multinacionais do setor. Os dados foram apresentados ontem, durante evento promovido pela Câmara Americana de Comércio, em São Paulo, com presidentes de diversas indústrias.
Entre as mercadorias com as maiores quedas nas vendas no primeiro semestre, 80% subiram acima da inflação no período. O destaque fica para itens alimentícios, como pratos semiprontos (produtos congelados), com redução de 23,5% em relação ao primeiro semestre de 2002, purê e polpa de tomate e massa refrigerada, entre outros.
Já entre os produtos que apresentaram disparada nas vendas, com aumento do volume comercializado, 90% foram itens com reajustes abaixo da inflação. Isso quer dizer que algumas indústrias, nesses casos, promoveram aumentos menores e, portanto, tiveram até de reduzir sua margem de lucro sobre o produto.
No entanto essas empresas puderam garantir o faturamento vendendo quantidades maiores de mercadorias.
O levantamento leva em conta 154 produtos e foi apresentado no evento -que discutiu as perspectivas para 2004- pela direção da Colgate-Palmolive.
"Uma recuperação na renda deve reverter esse cenário de queda na demanda por itens com maiores reajustes. Mas ainda veremos, por algum tempo, expansão na venda de itens mais baratos, como marcas próprias, porque tivemos um forte tombo no rendimento", diz Roger Pratt, presidente da Colgate-Palmolive.
Entre as mercadorias com melhor desempenho de vendas no ano estão café solúvel, adoçante e fralda para incontinência (com a maior alta, de 22,1%).
Exemplo: o café solúvel, na lista dos dez itens com maior demanda, teve aumento de 13,6% nas vendas de janeiro a junho. O produto sofreu reajuste (de julho de 2002 a junho de 2003) de 13,8% -taxa inferior à da inflação.

Mais champanhe
Um destaque curioso fica para o champanhe, que aparece em terceiro lugar na lista de itens com alta demanda em 2003. O produto teve alta de 18% nas vendas em relação ao primeiro semestre de 2002. A bebida sofreu até deflação neste ano -aumentou só 5,4% em 12 meses.
O caso da redução nas vendas de itens congelados é destacado por analistas. Isso mostra que o consumidor reagiu à recente escalada de aumentos, cortando itens de maior valor agregado. E são exatamente essas mercadorias que têm sido o foco da indústria, e parte principal de sua estratégia, para garantir margem.


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