São Paulo, domingo, 12 de fevereiro de 2006

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MERCADO ABERTO

Setubal propõe isenção ao setor privado

A isenção de imposto para investimentos estrangeiros em títulos públicos deveria ser estendida também para os papéis a serem emitidos pela iniciativa privada. Seria um incentivo a mais para aumentar o investimento no país.
A proposta é de Roberto Setubal, presidente do Banco Itaú. Segundo ele, a idéia de desoneração dos investimentos estrangeiros em títulos públicos é benéfica porque contribui para o alongamento da dívida. "O investidor estrangeiro tem mais apetite em comprar papéis com vencimento de mais longo prazo."
O problema, no entanto, para Setubal, é que o setor privado não deve ficar de fora. Se a desoneração de impostos para investimentos estrangeiros for estendida à iniciativa privada, Setubal diz que as empresas terão condições de emitir debêntures com vencimentos de cinco a dez anos, o que ajudaria bastante as empresas a melhorar o seu "funding". "O setor privado não pode ser discriminado, até porque será quem fará os investimentos", diz Setubal. "A isenção deve ser direcionada também para a produção, e não só para o Tesouro".
Sobre as perspectivas de queda de juros neste ano, Setubal diz que as taxas cobradas pelos bancos podem não acompanhar a mesma velocidade da baixa prevista para a Selic. A Selic está hoje em 17,25%, e ele acredita que feche o ano entre 14,5% e 15%.
Para ele, o ritmo de redução dos juros cobrados pelos bancos depende principalmente do nível de inadimplência. Se ela cair com maior velocidade, os juros bancários também diminuirão mais rapidamente. A inadimplência, segundo ele, subiu muito no ano passado em decorrência da desaceleração da economia.
Otimista, Setubal não acredita que a campanha eleitoral provoque solavancos na economia, como em 2002. "Todas as opções que se apresentaram até agora me parecem bastante boas para o Brasil", diz o presidente do Itaú.

CACHIMBO DA PAZ
Guido Mantega (BNDES) se reuniu na sexta em SP com a diretoria da Abimaq para discutir a nova linha a ser criada pelo banco para financiar a importação de máquinas. A Abimaq temia a compra de bens já fabricados no país. Mantega negou o risco, pois a linha irá se basear na lista de ex-tarifários (isentos de impostos na importação por não terem similar nacional) da Camex. A Abimaq ficou satisfeita. A nova linha deve ter orçamento de US$ 100 milhões e atender mais as indústrias têxtil e calçadista.

BANCA DE PÃO QUENTE
Frases espirituosas e desenhos pop são a base do segredo do sucesso das sócias Susana Jeha, 34, e Débora Suconic, 40, da Banca de Camisetas, que nasceu há três anos na Vila Madalena, em SP. "Nesse período, a gente expandiu e, de cara, a banca "pegou". Mas, no começo, era uma mistura de caixa de fósforos com microondas", diz Jeha, em alusão à banca de revistas onde o negócio começou, mas com camisetas. Hoje, já são sete pontos-de-venda na capital paulista, cada um com saída de mil camisetas por mês. Para 2006, elas têm plano de expansão que inclui o desenvolvimento de uma franquia. "Já tivemos propostas para lojas até na Europa. Mas resolvemos ir com calma", explica. A idéia é que, até o fim do ano, haja cinco lojas franqueadas em diferentes regiões do país.

SAMBA CHIC
Depois de um longo período no grupo de acesso, a escola de samba carioca Acadêmicos da Rocinha, formada por membros da comunidade da favela, volta ao Sambódromo da Marquês de Sapucaí no grupo especial e se prepara para ter um carnaval três vezes maior que o de 2005. "A escola está preparada para chegar à competição com qualidade, coesão, harmonia e motivação", diz o empresário Maurício Mattos, presidente da escola, que está à frente da revista oficial "Rio, Samba & Carnaval" e tem camarote no sambódromo com visitação VIP de empresários. Com mais de 35 anos de experiência no ramo do Carnaval, Mattos implementou um sistema empresarial na escola e criou diferentes setores de gestão. Para 2006, a Acadêmicos da Rocinha conta com orçamento de R$ 5,9 milhões. Do montante, R$ 3,4 milhões vêm de ajuda oficial, e o restante, de um pool de patrocinadores formado por várias empresas.

EMPREGO CRESCE
O emprego formal na construção civil cresceu 5,9% no ano passado em relação a 2004, quando a alta havia sido de 3%. O resultado, que será divulgado amanhã pelo SindusCon-SP, em conjunto com a GVconsult, foi impulsionado pelo segmento de serviços. Responsável por cerca de 20% do total de vagas com carteira do setor, esse ramo cresceu 34,02% em 2005. Já o segmento de obras, com peso de 80% nos postos de trabalho, cresceu só 1,02%. A alta de 5,9% equivaleu a 75.940 vagas.

TIPO EXPORTAÇÃO
A Embratur já tem o nome das agências que trabalharão na promoção do Brasil no exterior, em contrato com valor de R$ 15 milhões, sendo R$ 7 milhões só para este ano: a Máquina da Notícia/Grey e a FSB/Ogilvy.

TENDÊNCIA
Haverá de 15 a 20 aberturas de capital neste ano, com a disseminação do conceito de corporação (empresa com controle pulverizado). A avaliação é do Credit Suisse, responsável, em 2005, por 50% das operações realizadas.

ANTECIPAÇÃO
O Carnaval nem chegou, mas a rede Amor aos Pedaços já elevou a produção de doces e ovos para a Páscoa. Além da antecipação, tem montado quiosques em shoppings e showroom em empresas para vender 25% a mais na data.


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