São Paulo, quinta, 12 de fevereiro de 1998

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INADIMPLÊNCIA
Cerca de 20% deverão perder os veículos, prevê a associação das financeiras; calote sobe 69% em um ano
50 mil já atrasam prestação do carro

ARTHUR PEREIRA FILHO
da Reportagem Local

Cerca de 50 mil compradores de carros a prazo estão com as prestações atrasadas em mais de 30 dias e entraram na lista de inadimplentes.
É quase a metade de todos os carros nacionais vendidos pelas fábricas no mês passado (93.570).
Em dezembro de 97, o índice de inadimplência do setor atingiu 5,7%, com crescimento de 69% em relação ao ano anterior.
Hoje, de cada cem pessoas que compraram veículo financiado ou pelo leasing (aluguel com opção de compra), seis não conseguem pagar em dia as prestações.
"É o maior nível de inadimplência dos últimos dez anos", diz Marcos Vinicius Moya, presidente da Anef, a associação que reúne as empresas financeiras das montadoras. "É assustador e extremamente preocupante."
Dos 50 mil compradores com prestações em atraso, cerca de 20% acabarão perdendo o veículo, prevê a Anef. Atualmente, as instituições financeiras mantêm estoque de 6.000 veículos retomados.
No consórcio, a inadimplência cresceu 19,5%. O índice passou de 11,8% em 96 para 14,1% em 97.
Moya prevê que a inadimplência continuará crescendo nos próximos meses e atingir 8% entre abril e maio. Os inadimplentes deve subir para 65 mil. O valor total das prestações atrasadas, que está entre R$ 20 milhões e R$ 25 milhões, deverá somar R$ 35 milhões.
As medidas que os bancos começam a tomar para reduzir a inadimplência -maior rigor na liberação do crédito, exigência de uma entrada maior e de renda mais elevada- somente começarão a produzir efeitos no médio prazo. Para o segundo semestre deste ano, Moya prevê que o nível de inadimplência caia para 5%.
Os bancos das montadoras são responsáveis por cerca de 80% dos financiamentos de veículos. A carteira de financiamento e operações de leasing tinha 872 mil clientes em dezembro do ano passado, 30,9% mais do que em 96. A participação dos bancos ligados às fábricas dobrou depois de outubro, com o aumento dos juros.
Para enfrentar a queda nas vendas e reduzir estoques, os bancos das montadoras passaram a oferecer taxas subsidiadas. "Os juros promocionais praticamente tiraram os independentes do mercado", conta Moya. Em vez de cobrar taxas de 3,5% a 4% ao mês, os bancos oferecem 2,7%.




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