|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CONJUNTURA
Ajuste a juro alto foi rápido
Para governo, trimestre não será tão ruim
da Sucursal de Brasília
O secretário de Política Econômica, José Roberto Mendonça de
Barros, afirmou ontem que o desempenho da economia no primeiro trimestre será melhor do
que o governo previa no final do
ano passado.
"Os analistas de mercado também estão revendo para cima suas
expectativas anteriores sobre os
níveis de atividade e de emprego
no primeiro trimestre", afirmou.
No final do ano, o ministro Pedro Malan (Fazenda) e o próprio
Mendonça de Barros afirmavam
que o ritmo de crescimento da atividade cairia sensivelmente no
primeiro trimestre em função das
altas taxas de juros.
Apesar do cenário mais favorável, o secretário ressaltou que "é
prematuro pensar que a crise asiática já passou". Foi por conta dessa crise que o governo decidiu dobrar as taxas de juros e baixar um
pacote fiscal em novembro.
Segundo Mendonça de Barros, a
melhora nas expectativas para o
primeiro trimestre se deve ao fato
de que setores produtivos mais
afetados pelo aumento das taxas
de juros fizeram rápido ajuste na
produção. Ou seja, adequaram-se
à previsão de queda da demanda
para evitar a elevação de estoques.
Foi o que aconteceu com o setor
automotivo, cuja produção mensal deverá atingir 100 mil veículos
no primeiro trimestre. No mesmo
período de 97, chegou a cerca de
120 mil. O setor de eletroeletrônicos teve suas vendas também favorecidas pelo calor em janeiro.
Outros fatores apontados foram
a flexibilização das regras do trabalho (com a aprovação do contrato de trabalho por prazo determinado e o banco de horas) e a entrada de US$ 400 milhões em investimentos estrangeiros na primeira semana de fevereiro.
Segundo Mendonça de Barros,
em janeiro o consumidor "perdeu
o receio de comprar". Mesmo assim, a inadimplência de pessoas físicas em janeiro foi bem maior do
que a das empresas.
Houve devolução recorde de
cheques pré-datados no mês: 9,8
em cada grupo de 1.000 emitidos.
O número de carnês em atraso
também dobrou em relação ao
mesmo período de 97.
O secretário disse que a devolução de cheques reflete o "aumento anormal" das vendas em outubro -é que os comerciantes reclamam ao Serviço de Proteção ao
Crédito depois de 90 dias de a
compra ter sido realizada.
A preocupação do mercado financeiro com a possível vulnerabilidade do país em função da dívida externa de curto prazo "não
procede", de acordo com o "Boletim de Acompanhamento Macroeconômico" divulgado por
Mendonça de Barros.
Segundo o secretário, o Brasil
vai amortizar US$ 7 bilhões a menos neste ano em relação a 97. Serão, no total, US$ 22 bilhões.
Ele argumentou que as reservas
são suficientes para cobrir o valor,
se tiver que ser pago integralmente. Ele acredita que esses US$ 22
bilhões serão rolados com taxas de
juros menores e prazos maiores.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|