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Siderúrgicas defendem boicote contra o carvão norte-americano
DA SUCURSAL DO RIO
O setor siderúrgico nacional
quer um contra-ataque na guerra
do aço deflagrada pelos EUA:
pressiona o governo brasileiro para elevar as tarifas de importação
do carvão como forma de retaliar
o país.
O setor também negocia formas
alternativas para aumentar a cota
de importação de 2,5 milhões de
toneladas de placas de aço imposta pelos EUA. As indústrias nacionais querem excluir desse montante aços que os EUA não produzem -no caso, a placa "nobre"
IS. Querem também vender, fora
da meta de restrição, para subsidiárias de empresas brasileiras
nos EUA .
Somando as duas exceções, já
pleiteadas pelo IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia) e encaminhadas ao governo brasileiro, a
cota poderia ser ampliada em 1,5
milhão de toneladas.
Em carta enviada ontem ao ministro do Desenvolvimento, Sergio Amaral, a presidente do IBS e
da CSN (Companhia Siderúrgica
Nacional), Maria Silvia Bastos
Marques, defendeu a elevação da
tarifa média de importação de aço
de 12% para 30%.
"É muito importante que o Brasil diga [aos exportadores de aço"
que para cá, não. Eles [os produtores" vão colocar aço aqui a qualquer preço, se o nosso mercado
estiver aberto", disse, prevendo
uma superoferta do produto depois das salvaguardas dos EUA.
No caso do carvão, a CSN, diz
ela, já estuda -e recomenda que
as demais usinas façam o mesmo- substituir as importações
dos EUA, que representam 40%
do total de 11 milhões de toneladas. "Não tem sentido importar
de quem nos retalia", disse Maria
Silvia, acrescentando que apóia a
iniciativa do Brasil de levar o caso
do aço à OMC (Organização
Mundial do Comércio).
Se o governo brasileiro conseguir isentar da cota as vendas para
subsidiárias nos EUA, a CSN será
a única beneficiada. A companhia
controla a CSN LLC, cuja capacidade de importação de placas é de
700 mil toneladas neste ano.
A medida poderia reduzir os
prejuízos das siderúrgicas com as
ações protecionistas norte-americanas -estimados pelo IBS em
US$ 900 milhões até 2004- e incentivar empresas brasileiras a
comprar unidades nos EUA, como forma de burlar a cota.
O IBS espera ver o pleito aprovado pelos EUA, pois a coreana
Posco -a maior do mundo- e
australiana BHP conseguiram
acordos semelhantes. Ambas têm
ou joint venture ou são donas de
usinas nos Estados Unidos.
(PEDRO SOARES)
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