São Paulo, terça-feira, 12 de março de 2002

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Siderúrgicas defendem boicote contra o carvão norte-americano

DA SUCURSAL DO RIO

O setor siderúrgico nacional quer um contra-ataque na guerra do aço deflagrada pelos EUA: pressiona o governo brasileiro para elevar as tarifas de importação do carvão como forma de retaliar o país.
O setor também negocia formas alternativas para aumentar a cota de importação de 2,5 milhões de toneladas de placas de aço imposta pelos EUA. As indústrias nacionais querem excluir desse montante aços que os EUA não produzem -no caso, a placa "nobre" IS. Querem também vender, fora da meta de restrição, para subsidiárias de empresas brasileiras nos EUA .
Somando as duas exceções, já pleiteadas pelo IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia) e encaminhadas ao governo brasileiro, a cota poderia ser ampliada em 1,5 milhão de toneladas.
Em carta enviada ontem ao ministro do Desenvolvimento, Sergio Amaral, a presidente do IBS e da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), Maria Silvia Bastos Marques, defendeu a elevação da tarifa média de importação de aço de 12% para 30%.
"É muito importante que o Brasil diga [aos exportadores de aço" que para cá, não. Eles [os produtores" vão colocar aço aqui a qualquer preço, se o nosso mercado estiver aberto", disse, prevendo uma superoferta do produto depois das salvaguardas dos EUA.
No caso do carvão, a CSN, diz ela, já estuda -e recomenda que as demais usinas façam o mesmo- substituir as importações dos EUA, que representam 40% do total de 11 milhões de toneladas. "Não tem sentido importar de quem nos retalia", disse Maria Silvia, acrescentando que apóia a iniciativa do Brasil de levar o caso do aço à OMC (Organização Mundial do Comércio).
Se o governo brasileiro conseguir isentar da cota as vendas para subsidiárias nos EUA, a CSN será a única beneficiada. A companhia controla a CSN LLC, cuja capacidade de importação de placas é de 700 mil toneladas neste ano.
A medida poderia reduzir os prejuízos das siderúrgicas com as ações protecionistas norte-americanas -estimados pelo IBS em US$ 900 milhões até 2004- e incentivar empresas brasileiras a comprar unidades nos EUA, como forma de burlar a cota.
O IBS espera ver o pleito aprovado pelos EUA, pois a coreana Posco -a maior do mundo- e australiana BHP conseguiram acordos semelhantes. Ambas têm ou joint venture ou são donas de usinas nos Estados Unidos.
(PEDRO SOARES)


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