São Paulo, terça-feira, 12 de março de 2002

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AGROFOLHA

COMÉRCIO GLOBAL

Medida tende a prejudicar o Brasil; para o mercado, a decisão foi política e pretende beneficiar os EUA

China relaxa restrições aos transgênicos

DA REDAÇÃO

A China decidiu relaxar temporariamente suas restrições à importação de alimentos geneticamente modificados, que deveriam vigorar a partir do dia 20. A decisão, que beneficia os EUA, era aguardada com ansiedade pelos países exportadores de soja e outros grãos, como milho.
Os norte-americanos, depois de meses de negociações, conseguiram que fosse concedido um período de transição, até o final do ano. Cerca de 70% dos grãos de soja cultivados nos EUA são transgênicos. Seus produtores perderiam um importante mercado caso os chineses decidissem pelo embargo.
Se a resolução da China fosse pela restrição a partir de já, os brasileiros teoricamente sairiam ganhando. A maior parte da soja nacional (90%, aproximadamente) não é alterada por procedimentos de engenharia genética.
Mas, para alguns compradores do produto, baseados em Pequim, seria difícil para o Brasil cumprir todas as exigências originalmente feitas pelos chineses. "Os produtores tinham que atestar que sua soja não era geneticamente modificada. O Brasil teria dificuldade em fornecer todos os documentos exigidos", disse um negociante.
As resoluções anunciadas ontem pelo governo chinês estão previstas para vigorar até o dia 20 de dezembro. Os novos procedimentos entram em vigor no dia 20 de março de 2003.

Menos burocracia
Os certificados e formulários de importação eram aceitos apenas em chinês. Agora, os documentos podem ser apresentados em inglês, embora ainda sejam necessárias cópias em chinês.
Com a simplificação das regras, os certificados de permissão de importação devem ser emitidos em 30 dias. Antes, um atestado de segurança não saía em menos de 270 dias.
De acordo com analistas de comércio internacional, mais do que técnica, a decisão da China é política. O país tenta manter as boas relações com os norte-americanos, que estão entre seus principais parceiros comerciais.
Por outro lado, os chineses buscam ganhar tempo até que ampliem sua própria produção agrícola. Enquanto não forem menos dependentes das importações de alimentos, os chineses devem manter suas fronteiras abertas para o produto externo.
No ano passado, a China comprou dos Estados Unidos 5,2 milhões de toneladas de soja - aproximadamente um quinto dos 27 milhões das exportações do país-, um negócio no valor de US$ 1 bilhão. Dois terços do total comercializado eram em grãs transgênicos. No ano anterior, as vendas para os chineses tinham sido de 4,3 milhões de toneladas.


Com agências internacionais


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