São Paulo, sexta-feira, 12 de março de 2004

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COMÉRCIO MUNDIAL

Europeus concordam em apresentar oferta na área agrícola, mas querem contrapartida em serviços

Acordo UE-Mercosul fica mais próximo

CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES

O Mercosul e a União Européia estão mais próximos de fechar um acordo de livre comércio entre os dois blocos até outubro deste ano, segundo a avaliação do chefe da delegação brasileira, o embaixador Regis Arslanian, diretor-geral do Departamento de Negociações Internacionais do Itamaraty.
"Avançamos muito bem nas negociações sobre regras de origem, fitossanitárias e sanitárias, que são fundamentais, procedimentos aduaneiros e de cooperação", disse, sobre as tratativas entre técnicos dos dois blocos realizadas nesta semana em Buenos Aires.
Um dos principais avanços foi que, depois de três anos de negociação, a União Européia colocou sobre a mesa um rascunho da proposta que deverá ser apresentada no próximo dia 15 de abril sobre o tema agrícola. "Isso torna muito possível termos um acordo em outubro", disse, citando o cronograma das negociações.
A posição européia era não fazer oferta na área agrícola sem uma definição sobre o tema na Rodada de Doha da OMC (Organização Mundial do Comércio).
Segundo o embaixador, a proposta européia será feita em duas etapas. Na primeira, a União Européia incluirá uma parte dos cerca de 900 produtos agrícolas "prioritários" para o bloco sul-americano, excluídos das negociações até este momento. A segunda etapa ocorrerá após a conclusão da Rodada de Doha.
O Mercosul, por sua vez, também terá de apresentar sua "oferta melhorada" nas áreas de interesse para os europeus -principalmente serviços, investimentos, compras governamentais e bens industriais. A questão agora é como apresentar essa oferta.
"Se eles dizem que vão apresentar a oferta que nos interessa em duas etapas, como fica nossa oferta?", questionou o embaixador. "É necessário ter certeza de que as concessões serão feitas de maneira equilibrada."
"Nós fizemos progresso nesta semana, só não sei se o qualificaria como muito bom", disse à Folha o negociador do lado europeu, Karl Falkenberg, diretor de comércio da Comissão Européia. "O negociador chefe argentino, Martin Redrado, e eu usamos o mesmo termo, nós somos cautelosamente otimistas."
Falkenberg criticou o fato de o Mercosul não ter esclarecido como melhorará sua oferta.
"O teste real será em abril, quando as duas partes terão que colocar sobre a mesa suas ofertas melhoradas", afirmou.


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