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INFLAÇÃO
Taxa, utilizada para o sistema de metas, cai de 0,76% (janeiro) para 0,61% (fevereiro); acumulado no ano é de 1,37%
Alta no atacado não contamina o IPCA
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A alta dos preços no atacado,
principalmente na indústria, não
contaminou a inflação ao consumidor em fevereiro: o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), índice oficial de inflação, foi
de 0,61% no mês, menor do que o
de janeiro, que ficou em 0,76%.
A taxa, medida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), também foi mais baixa
do que as previsões do mercado,
que oscilavam de 0,70% a 0,80%.
A maior pressão inflacionária
veio das mensalidades escolares,
responsáveis por praticamente
metade do índice -0,31 ponto
percentual, de acordo com o IBGE. Em razão das matrículas de
início de ano, houve um aumento
de 8,11% em fevereiro nesse item.
Os alimentos contribuíram para
a redução da inflação em fevereiro. Subiram 0,15% -a alta fora de
0,88% em janeiro. O início da safra agrícola, que aumenta a oferta
de produtos, e o final do período
de chuvas intensas, que vinha afetando os preços dos hortifrútis,
foram as causas desse resultado.
Para Eulina Nunes dos Santos,
gerente da Coordenação de Índices de Preços do IBGE, a inflação
de fevereiro ficou "fortemente
concentrada" no grupo educação
e não sinalizou repasses "generalizados" de aumentos no atacado,
que vêm sendo apurados por outros índices, como o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado, da
Fundação Getúlio Vargas).
Essas pressões no atacado foram um dos principais argumentos do Banco Central para a manutenção da taxa de juros nos últimos dois meses. Há o receio de
que haja um contágio no varejo,
dificultando o cumprimento da
meta de inflação.
Com o resultado de fevereiro, o
IPCA acumulou alta de 1,37% nos
dois primeiros meses do ano. O
centro da meta do governo é de
5,5%, com um intervalo de tolerância de 2,5 pontos percentuais
para mais ou para menos. Para
atingir o centro da meta, a inflação mensal deve ficar em torno de
0,40% a partir de março -desde
que não haja deflação.
Ainda que pontuais, o IPCA detectou alguns repasses do atacado. É o caso dos automóveis. Por
conta do aumento do aço, subiram 1,56% em fevereiro. "É um
caso típico de pressão de custos
de produção", disse Nunes dos
Santos. Os veículos já haviam tido
alta de 1,62% em janeiro.
Para Carlos Thadeu de Freitas
Filho, economista da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a inflação já está sob controle
e o BC deveria reduzir os juros
neste mês. Para ele, o regime de
metas obriga o BC a "apertar" a
política monetária nos primeiros
meses para ter "alguma folga" ao
final do ano.
É justamente no começo do
ano, diz o banco Bradesco em relatório, que existem pressões sazonais sobre a inflação, por causa
das chuvas, da cobrança de tributos e do reajuste das mensalidades
escolares. Descontado o efeito da
educação, o IPCA teria em fevereiro uma alta de 0,30%, "o que sinaliza um movimento de arrefecimento" da inflação.
Para Marcelo Cypriano, economista do BankBoston, o BC vai esperar o índice de março antes de
voltar a baixar os juros. Aguardará a confirmação de que o IPCA
converge para a meta, como já
aconteceu em fevereiro, se observado o núcleo da inflação, que foi
de 0,48%. O núcleo é calculado
excluindo as maiores e menores
variações e diluindo o impacto
das tarifas públicas em 12 meses.
Sobre os repasses dos preços para o varejo, Cypriano afirmou que
"é difícil prever" a intensidade,
mas que ainda atingem poucos
produtos.
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