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COMÉRCIO
Contando mercadorias estragadas e ineficiência na administração, perdas chegam a US$ 800 milhões
Supermercados perdem US$ 800 mil em 96
FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local
Os supermercados brasileiros
perderam, em 1996, cerca de US$
800 milhões, ou 2% do seu faturamento, de US$ 45 bilhões, com
furtos, mercadorias estragadas,
ineficiência na administração etc.
O curioso é que o furto de clientes e funcionários teve peso expressivo. Representou entre 70% e
80% desse valor -de US$ 560 milhões a US$ 640 milhões-, segundo consultores e supermercadistas
ouvidos pela Folha.
Essa perda já é considerada na
despesa das empresas. À medida
que ela é reduzida, o supermercado ganha competitividade, ao optar pela diminuição dos preços, ou
aumenta a sua lucratividade.
Reduzir o tamanho das perdas
ou das quebras -como chamam
os especialistas- está sendo uma
das grandes metas das empresas,
sobretudo nos últimos dois anos.
Com a economia estável, diminuíram as chances para remarcação de preços, que, no passado,
mascaravam as perdas das lojas.
Assim, as quebras -que também incluem estrago e quebra propriamente dita de mercadorias,
degustação na loja, erros de administração, manuseio inadequado
de produtos etc.- passaram a ser
quantificadas e analisadas com
muito mais cuidado.
A rede de supermercados Sé, por
exemplo, informa que, em dois
anos, o valor das suas perdas, que
antes representavam 1% do faturamento, caiu para menos de 0,5%
nas suas 18 lojas.
Em 1996, a quebra do Sé somou
R$ 225 mil. ``É um valor baixo
porque estamos com um controle
mais rígido'', afirma Leonildo
Nardi, diretor operacional.
Ele conta que, no ano passado, o
Sé conseguiu detectar pelo seu sistema de segurança furtos que somaram R$ 52,5 mil. No caso, as
pessoas foram abordadas e acabaram pagando pelos produtos.
O dobro dos EUA
Levantamento feito pelo Provar
(Programa de Varejo), da USP,
mostra que a perda média dos supermercados no Brasil é de 2% sobre o faturamento.
Esse percentual é o dobro do registrado nos Estados Unidos -de
1%-, mas já chegou a ser muito
maior, de 3%, nos cálculos de Dimas Gonçalves, diretor operacional do Eldorado, com oito lojas.
``A quebra de um supermercado
pode levá-lo ao prejuízo. Reduzi-la
significa aumentar a competitividade.'' No Eldorado, conta Gonçalves, a perda varia de 1% a 1,2%.
A meta da empresa para este ano,
continua Gonçalves, é reduzir o
percentual para 0,8%. Para isso, a
rede tem um grupo de pessoas que
acompanha, por exemplo, a entrada e a saída de mercadorias, os locais de exposição e os estoques.
Uma equipe de segurança formada por 20 a 25 pessoas por loja
cuida do patrimônio da empresa.
O Eldorado tem ainda vários equipamentos eletrônicos para vigilância nas lojas.
Para Antonio Carlos Ascar, consultor especializado em varejo, há
poucos anos, 50% da quebra do
supermercado era atribuída à má
gestão da loja, e a outra metade, ao
furto, ao estrago de produtos etc.
Com a informatização das empresas, o erro na administração de
supermercados diminuiu, o que
fez crescer, portanto, a participação dos furtos no valor da quebra.
Ascar diz que o furto em supermercados está muito associado ao
número de desempregados.
Uma grande rede de supermercados que está acompanhando
com cuidado a quebra está perdendo, hoje, 2,5% do seu faturamento. Historicamente, esse percentual era de 2%.
Não há dúvida, diz Ascar, de que
hoje existem supermercadistas
trabalhando com perdas de até
5%, sendo que alguns deles nem
sabem disso porque ainda não
conseguem quantificá-las.
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