São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 2002

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RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Pedido fala de direitos humanos

Uruguai negocia acordo comercial com os EUA e pede inspeção em Cuba

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O Uruguai apresentou para a Comissão de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, moção que pede a realização de uma inspeção em Cuba. O documento foi assinado na véspera de um encontro entre os governos do Uruguai e dos EUA que trata do comércio bilateral.
O governo de Fidel Castro reagiu. ""Cuba rechaça com toda energia esse exercício vergonhoso encabeçado pelo governo dos EUA", afirmou o chanceler cubano, Felipe Pirez Roque. O presidente uruguaio, Jorge Batlle, negou qualquer vínculo entre o pedido e as negociações com os EUA. Disse que o Uruguai atuou como país ""independente".
Batlle se destaca como o presidente do Mercosul que mais defende a formação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Os EUA não podem apresentar moções porque perderam o assento na Comissão de Direitos Humanos no ano passado -durante os 40 anos de conflito com Cuba, os americanos sempre encabeçavam esse tipo de proposta.
Acompanharam o Uruguai, colocando também suas assinaturas, representantes da Argentina, Peru, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, El Salvador, Panamá e Canadá.
Em fevereiro, o governo argentino se ofereceu aos EUA para encabeçar a moção. Mas pediu em troca a retomada de empréstimos ao país. As negociações não avançaram, em grande parte por divergências na Argentina, e Washington buscou o Uruguai.
Assim como o Uruguai, que assina hoje, em Montevidéu, um protocolo para formar uma comissão e iniciar negociações de livre comércio com os EUA, os outros signatários têm motivos para se alinhar aos norte-americanos.
A Argentina espera crédito urgente do FMI (Fundo Monetário Internacional); os países centro-americanos receberam dos EUA a promessa de ter tratamento preferencial; e o Peru também negocia um acordo comercial com os norte-americanos.
O embaixador cubano na ONU, Iván Mora, classificou a moção de ""traição". Hoje, haverá uma marcha de repúdio contra a medida em Montevidéu.
Para se dissociar dos EUA, Batlle diz que a moção apenas cita as ""condições internacionais desfavoráveis" em Cuba.



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