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COLAPSO NA ARGENTINA
Objetivo do país é se aproximar dos EUA e do FMI
Governo gasta US$ 500 mil para tentar mudar imagem
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
Depois de dar um calote nos
credores externos e congelar depósitos da população argentina, o
governo do presidente Eduardo
Duhalde decidiu contratar três
dos mais caros e influentes escritórios de assessoria econômica
em Washington e em Nova York.
O trabalho deles será tentar melhorar o relacionamento do país
com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e com os dirigentes
do Tesouro norte-americano.
Contratados pelo Ministério da
Economia argentino, os escritórios abrigam personalidades de
renome como Stuart Eizenstat
(subsecretário do Tesouro dos
EUA no governo do ex-presidente Bill Clinton), Lawrence Eagleburger (secretário de Estado na
gestão do presidente George
Bush, pai de "W" Bush) e Alan
Stoga, ex-executivo do escritório
de Henry Kissinger.
A notícia foi revelada na edição
de ontem do jornal "Washington
Post" e confirmada à Folha por
diplomatas argentinos no país
que, no entanto, negam que os escritórios contratados irão fazer
lobby.
Na versão oficial dos argentinos, os contratados são pessoas
influentes que poderão ajudá-los
a tomar medidas econômicas
adequadas e a sensibilizar o Fundo e os dirigentes do Tesouro dos
Estados Unidos.
O custo total das contratações
não foi divulgado. Sabe-se muito
menos como é que o governo argentino, afogado numa dívida externa de US$ 140 bilhões, irá fazer
para pagá-las.
No entanto, cifras parciais foram divulgadas pelo Fara (Foreign Agents Registration Act),
uma agência do Departamento de
Justiça norte-americano que registra obrigatoriamente os serviços de assessoria feitos em favor
de governos estrangeiros dentro
dos Estados Unidos.
O escritório de advocacia onde
Eagleburger trabalha -o Baker,
Donelson, Bearman & Caldwell
- deverá ganhar cerca de US$
500 mil por ano.
Esse valor não inclui um eventual pagamento que possa estar
sendo feito diretamente ao ex-secretário de Estado de Bush-pai
por seus serviços.
Stoga, que preside a Zemi Communications, em Nova York, recebeu uma quantia inicial de US$
36 mil e deverá receber outros
US$ 24 mil por cada mês de trabalho em favor da imagem do governo argentino nos Estados Unidos.
As cifras pagas para Eizenstat,
sócio do escritório Covington &
Burling, não foram divulgadas.
Segundo esclareceu um funcionário do escritório, o ex-subsecretário do Tesouro deverá "ajudar a
Argentina desenvolver um pacote
de reformas que os Estados Unidos e o FMI acreditem ser confiável e tentar fazer o Fundo e o Tesouro norte-americano entenderem os esforços do governo argentino".
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