São Paulo, sexta-feira, 12 de abril de 2002

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COLAPSO NA ARGENTINA

Objetivo do país é se aproximar dos EUA e do FMI

Governo gasta US$ 500 mil para tentar mudar imagem

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

Depois de dar um calote nos credores externos e congelar depósitos da população argentina, o governo do presidente Eduardo Duhalde decidiu contratar três dos mais caros e influentes escritórios de assessoria econômica em Washington e em Nova York. O trabalho deles será tentar melhorar o relacionamento do país com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e com os dirigentes do Tesouro norte-americano.
Contratados pelo Ministério da Economia argentino, os escritórios abrigam personalidades de renome como Stuart Eizenstat (subsecretário do Tesouro dos EUA no governo do ex-presidente Bill Clinton), Lawrence Eagleburger (secretário de Estado na gestão do presidente George Bush, pai de "W" Bush) e Alan Stoga, ex-executivo do escritório de Henry Kissinger.
A notícia foi revelada na edição de ontem do jornal "Washington Post" e confirmada à Folha por diplomatas argentinos no país que, no entanto, negam que os escritórios contratados irão fazer lobby.
Na versão oficial dos argentinos, os contratados são pessoas influentes que poderão ajudá-los a tomar medidas econômicas adequadas e a sensibilizar o Fundo e os dirigentes do Tesouro dos Estados Unidos.
O custo total das contratações não foi divulgado. Sabe-se muito menos como é que o governo argentino, afogado numa dívida externa de US$ 140 bilhões, irá fazer para pagá-las.
No entanto, cifras parciais foram divulgadas pelo Fara (Foreign Agents Registration Act), uma agência do Departamento de Justiça norte-americano que registra obrigatoriamente os serviços de assessoria feitos em favor de governos estrangeiros dentro dos Estados Unidos.
O escritório de advocacia onde Eagleburger trabalha -o Baker, Donelson, Bearman & Caldwell - deverá ganhar cerca de US$ 500 mil por ano.
Esse valor não inclui um eventual pagamento que possa estar sendo feito diretamente ao ex-secretário de Estado de Bush-pai por seus serviços.
Stoga, que preside a Zemi Communications, em Nova York, recebeu uma quantia inicial de US$ 36 mil e deverá receber outros US$ 24 mil por cada mês de trabalho em favor da imagem do governo argentino nos Estados Unidos.
As cifras pagas para Eizenstat, sócio do escritório Covington & Burling, não foram divulgadas. Segundo esclareceu um funcionário do escritório, o ex-subsecretário do Tesouro deverá "ajudar a Argentina desenvolver um pacote de reformas que os Estados Unidos e o FMI acreditem ser confiável e tentar fazer o Fundo e o Tesouro norte-americano entenderem os esforços do governo argentino".


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