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PROTECIONISMO
A cada dólar doado, o dobro é tirado de nações em desenvolvimento
Subsídio anula doação de rico a pobre
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
No lançamento de campanha
mundial a favor do ""comércio
justo", a ONG (organização não-governamental) britânica Oxfam
divulgou um documento em que
relaciona os custos para os países
pobres das restrições comerciais
adotadas pelas nações ricas.
De cada US$ 1 dólar oferecido
em ajuda pelas nações ricas aos
países em desenvolvimento, outros US$ 2 são ""roubados" por essas mesmas nações, segundo a
ONG, ao imporem restrições de
acessos a seus mercados, via protecionismo e uso de subsídios. Essas restrições comerciais custam
aos países pobres e em desenvolvimento US$ 100 bilhões ao ano.
""...em sua retórica, os países ricos insistem no compromisso de
redução da pobreza, mas esses
mesmos países usam uma política
comercial que não é mais que um
roubo contra os pobres", diz o relatório, de 320 páginas.
Região mais miserável do planeta, a África subsaariana perde
US$ 2 bilhões. Outros países, como a Índia e China, US$ 3 bilhões
cada. Na América Latina, as perdas somam US$ 30 bilhões. As estimativas da Oxfam e da Cepal
apontam perda de US$ 3 bilhões a
US$ 4 bilhões para o Brasil.
Fundada em 1942, para ajudar
vítimas na Segunda Guerra, a
ONG, hoje dedicada ao combate à
pobreza, mantém escritórios em
15 países, incluído o Brasil -e
trabalha com orçamento anual de
cerca de US$ 150 milhões.
Segundo o documento, elaborado a partir de estatísticas de OMC
(Organização Mundial do Comércio), FMI (Fundo Monetário
Internacional) e Banco Mundial,
de cada US$ 1 gerado pelas exportações no mundo, os países pobres e/ou desenvolvimento respondem por US$ 0,03. A Oxfam
sustenta que, se o Terceiro Mundo aumentasse em 5% sua participação nas exportações mundiais,
128 milhões de pessoas na América Latina, África e Ásia sairiam da
linha da pobreza -significaria
colocar mais US$ 350 bilhões nas
economias dessas regiões.
Ontem, a ONG promoveu o lançamento em 18 países da campanha ""Comércio com Justiça", em
favor de modificações nas práticas de comércio mundial.
A partir de um modelo em que
são considerados dez parâmetros
de politicas comerciais (entre elas,
tarifas médias em setores em que
os países mais pobres são competitivos, como agricultura e têxteis), a ONG classificou os quatro
mercados mais protecionistas do
mundo. Pela ordem, são União
Européia, EUA, Canadá e Japão.
A Oxfam se posicionou contra a
política de ""abertura forçada" dos
mercados dos países pobres, que
seriam praticadas com o estímulo
do FMI e do Banco Mundial.
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