São Paulo, domingo, 12 de maio de 2002

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Dívida foi para fazer investimento, diz CPFL

DA REPORTAGEM LOCAL

A Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), privatizada em 1997, foi a única do setor a ficar em mãos de controladores locais. Segundo seu diretor financeiro, Otávio Carneiro de Rezende, a linha da empresa sempre foi distribuir o máximo de dividendos (parcela do lucro que vai para os acionistas). "Mas se há necessidade de investimentos, os acionistas retêm o lucro para reinvestir", diz.
Segundo Rezende, o endividamento de R$ 3,8 bilhões que a empresa carrega é resultado das necessidades de investimento dos últimos anos. "Não pegamos recursos no mercado para dar liquidez ao acionista. Trabalhamos com uma perspectiva de retorno no longo prazo já que nossa concessão é por 30 anos", explica.
A fase de investimentos mais pesados da distribuidora já está concluída, diz Rezende. "Dessa forma, daqui para a frente, não há motivos para não pagarmos bons dividendos", diz.
Segundo analistas ouvidos pela Folha, um dos problemas das empresas que buscaram acelerar a remuneração dos controladores, via alavancagem financeira (tomando recursos no mercado), é que os bancos acabam tornando-se seus algozes. "A Light fez isso nos primeiros anos após a privatização. Mas, a partir de 1998, quando sua dívida explodiu, a empresa passou a rolar os débitos em condições ruins", diz Oswaldo Telles Filho, analista do banco BBV. Procurada pela Folha, a empresa não se manifestou.
Este ano, quando a dívida se tornou insustentável, a EDF, estatal francesa de energia que controla a Light, fez um aumento de capital no valor de US$ 1 bilhão. Segundo analistas, o aporte veio por pressão dos credores.
A AES Eletropaulo Metropolitana tem uma dívida de US$ 3,7 bilhões, quase duas vezes o seu patrimônio líquido. Mas desde que foi privatizada, em 1998, nunca deixou de pagar dividendos.
Agora, a empresa terá de buscar uma solução para o endividamento. "Nosso objetivo é refinanciar a dívida da Eletropaulo e melhorar seu desempenho," disse Paul Hanrahan, vice-presidente da AES para a América Latina, ao anunciar a troca de comando na empresa no início do mês. (SB)


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