São Paulo, domingo, 12 de maio de 2002

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Espanhóis detêm 80% do ganho da Telefônica

DA REPORTAGEM LOCAL

No setor de telecomunicações o processo de endividamento e engorda do caixa do controlador foi mais acentuado na Telefônica, controlada pela Telefónica de Espanha. O endividamento saltou de R$ 795 milhões, em 1998, quando foi privatizada, para R$ 4 bilhões no ano passado.
Já o pagamento de lucros e dividendos feito pela empresa foi sempre constante, na casa de R$ 1 bilhão ao ano, segundo dados da Economática. Vale lembrar que quanto maior o número de ações em poder do controlador, maior é sua fatia na hora de distribuir lucros e dividendos.
A Telefônica desde o começo armou seu tabuleiro para obter rapidamente o retorno do investimento. Tanto que por meio da troca de ações da Telesp por BDRs (Brazilian Depositary Receipts) da Telefónica de Espanha os controladores acabaram ficando com 86,3% do capital da empresa. Hoje só 13,7% das ações estão no mercado. BDRs são recibos de empresas estrangeiras negociados na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo).
Em valores absolutos a Telefônica está recebendo R$ 860 milhões do R$ 1 bilhão de dividendos distribuídos sobre o resultado do ano passado. Mas segundo analistas do setor, a empresa é exceção, já que as demais companhias têm suas ações pulverizadas no mercado. Procurada pela Folha, a Telefônica não se manifestou.
Segundo um analista do setor, a maioria das empresas de telecomunicações tem 70% de suas ações em Bolsa. Por isso, esses analistas dizem não acreditar que seus controladores estejam recebendo muito dinheiro na forma de lucros e dividendos.
Mas Alberto Borges Matias, diretor da ABM Consulting, lembra que uma forma de as empresas internacionais, que controlam essas companhias, se apropriarem de lucro é por meio de pagamento de juros sobre empréstimos negociados pelas suas matrizes.
"Uma forma de ocultar a remessa de lucros é por meio do pagamento de juros sobre a dívida", diz ele. " Mas isso é muito difícil de ser identificado apenas com base nos balanços das empresas", acrescenta. (SB)


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