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PREÇOS
No primeiro quadrimestre, IPCA acumula alta de 2,68%, ante 5,1% definidos como centro do alvo para 2004
Inflação já supera metade da meta do ano
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo) deu um salto em abril e revelou que o Banco
Central terá mais trabalho neste
ano para cumprir a meta de inflação. O índice foi de 0,87%, a maior
taxa desde julho (0,91%). De janeiro a março, a taxa ficou praticamente estável, na casa de 0,60%.
Nos quatro primeiros meses de
2005, o IPCA, referência para o
sistema de metas de inflação, teve
alta de 2,68%. Ou seja: em quatro
meses, pouco mais da metade do
centro da meta de 5,1% para este
ano já está comprometida. Em 12
meses, o IPCA superou 8% pela
primeira vez, desde dezembro de
2003 -ficou em 8,07%.
Uma combinação de elevação
dos alimentos e vários reajustes
de tarifas públicas e preços administrados fez o índice subir e atingir o teto das previsões do mercado financeiro (0,85%).
Somados, os aumentos dos administrados e das tarifas representaram quase metade do IPCA
de abril (0,44 ponto percentual).
Estão na lista reajustes como ônibus (2,57%), energia elétrica
(2,22%), gasolina (0,42%), plano
de saúde (0,92%), remédios
(3,26%) e outros.
Já os alimentos contribuíram
com 0,18 ponto percentual do IPCA. Por causa de quebras de safra
em decorrência de problemas climáticos, o grupo alimentação subiu de 0,26% para 0,81%. É a
maior taxa desde agosto de 2004.
Subiram com força produtos essenciais como feijão carioca
(5,65%) e óleo de soja (1,66%).
Eulina Nunes dos Santos, gerente de índices do IBGE, diz que
houve "uma maior dispersão de
reajustes" em abril. Foi um movimento diferente do de fevereiro e
março, quando a pressão inflacionária ficou concentrada em educação e em tarifas de ônibus.
Alexandre Sant'Anna, economista da ARX Capital, afirmou
que, apesar da aceleração, o IPCA
ficou mais ou menos dentro do
que se previa e não revelou claros
sinais de preocupação ao Banco
Central. A alta, diz ele, pode ser
atribuída especialmente à concentração de reajustes de tarifas.
Ainda assim, o economista afirmou que o resultado do quadrimestre aponta que "está mais difícil atingir a meta". Sant'Anna
acredita, no entanto, que o limite
máximo de 7,6% não será superado -há uma tolerância de 2,5
pontos para cima ou para baixo.
De acordo com ele, os núcleos
do IPCA, medidas que mostram
melhor a eficácia da política monetária para conter a inflação,
praticamente não se alteraram em
abril. Por esse motivo, Sant'Anna
espera que o BC mantenha a taxa
de juros em 19,5% ao ano na reunião do Copom (dias 17 e 18).
A LCA faz uma análise diferente. Projeta nova alta de 0,25 ponto
percentual na Selic. Motivo: a inflação, até abril, não convergiu para a meta do BC. Apesar disso, a
consultoria espera que a inflação
desacelere nos próximos meses e
chegue a 0,50% neste mês.
A GRC Visão também prevê nova elevação da Selic de 0,25 ponto.
A consultoria se mostra pessimista em relação ao cumprimento da
meta: "O BC terá um trabalho difícil neste ano para não atingir o
limite superior, de 7,6%, e, por isso, os juros devem subir novamente", diz Alex Agostini, economista da GRC Visão.
Dólar
Para Nunes dos Santos, a quebra de safra "enfraqueceu" o efeito positivo da queda do dólar sobre os preços. O dólar mais baixo
tem impacto sobre importados e
produtos que usam insumos com
preços referenciados nos do mercado internacional -óleo de soja,
pão e outros.
Na contramão do IPCA (mede a
inflação do varejo), os preços no
atacado têm caído sob o efeito benéfico do dólar. Divulgado anteontem, o IGP-DI caiu de 0,99%
em março para 0,51% em abril. O
recuo do dólar foi um dos principais motivos, ao reduzir tanto o
preço de produtos industriais como o de agrícolas no atacado.
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