São Paulo, sexta-feira, 12 de maio de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ENTRE O CÉU E O INFERNO

Comitiva brasileira ouve gravação antes de Amorim falar à imprensa

Brasil leva 3 horas para responder

DO ENVIADO ESPECIAL A VIENA

O presidente Lula e sua comitiva chegaram ao luxuoso hotel Imperial de Viena, onde se hospedam, exatamente às 17h45 (12h45 de Brasília), após 16 horas de vôo, incluída uma escala para reabastecimento na Ilha do Sal, no meio do Atlântico.
Tardaram mais três horas em reunião para ouvir toda a fita gravada com a entrevista de Evo Morales, antes de que o chanceler Celso Amorim descesse, às 20h55 (15h55 de Brasília), para falar com os jornalistas, numa sala decorada por afrescos de anjos nus.
Parte da reunião do presidente com seus auxiliares mais próximos foi consumida por uma discussão em torno da palavra a ser usada para descrever a reação de Lula e do governo brasileiro à entrevista do governante boliviano (ver texto ao lado).
O impacto do episódio pode ser avaliado pelo fato de que as informações básicas sobre a fala de Morales já haviam chegado ao avião presidencial, transmitidas pelos dois diplomatas brasileiros que assistiram a entrevista do boliviano, fizeram as anotações, mas, ainda assim, recorreram aos serviços on-line de notícias para complementá-las.
Mesmo assim, o presidente, o chanceler e Marco Aurélio Garcia, assessor diplomático de Lula, preferiram recorrer à fonte primária (a gravação), um pouco por não entenderem como Morales poderia partir para o ataque menos de 24 horas depois de iniciar em La Paz, na véspera, uma negociação que foi tida no Planalto como extremamente bem-sucedida.

Agitação
Enquanto a reunião corria na suíte de Lula, lá embaixo a agitação ficava por conta da equipe do CQC ("Caiga quien caiga", versão em castelhano do "Pânico na TV", lançado na Argentina e hoje espalhado pela Espanha, Chile e outros países).
"Somos uma multinacional, mas não conte para o Evo", brincou o repórter com a Folha.
O pessoal do CQC estava à caça de José Luis Rodríguez Zapatero, o presidente do governo espanhol, igualmente hospedado no Imperial, bem como Angela Merkel, chanceler alemã, Jacques Chirac, presidente francês, e Alejandro Toledo, presidente peruano, que, aliás, chegou vestindo moletom de ginástica, porque participou de jogo de futebol entre personalidades.
Zapatero saiu, o pessoal do CQC não conseguiu chegar perto, mas o repórter gritou: "Suerte en la cumbre, presidente". Na calçada, um grupo de turistas espanhóis gritava "España/España" e pedia "saluda, Zapatero, saluda". Ele saudou a turma, para delírio de uma senhora loira, quando a noite começava a cair sobre uma até ensolarada Viena de primavera. (CR)


Texto Anterior: Tensão entre vizinhos: Lula vê ação eleitoral de Evo, endurece e pensa em plano B
Próximo Texto: Saiba mais: Lei de 96 dispensa contratos de aval dos parlamentares
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.