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ENTRE O CÉU E O INFERNO
Comitiva brasileira ouve gravação antes de Amorim falar à imprensa
Brasil leva 3 horas para responder
DO ENVIADO ESPECIAL A VIENA
O presidente Lula e sua comitiva chegaram ao luxuoso hotel
Imperial de Viena, onde se hospedam, exatamente às 17h45
(12h45 de Brasília), após 16 horas de vôo, incluída uma escala
para reabastecimento na Ilha do
Sal, no meio do Atlântico.
Tardaram mais três horas em
reunião para ouvir toda a fita
gravada com a entrevista de Evo
Morales, antes de que o chanceler Celso Amorim descesse, às
20h55 (15h55 de Brasília), para
falar com os jornalistas, numa
sala decorada por afrescos de
anjos nus.
Parte da reunião do presidente com seus auxiliares mais próximos foi consumida por uma
discussão em torno da palavra a
ser usada para descrever a reação de Lula e do governo brasileiro à entrevista do governante
boliviano (ver texto ao lado).
O impacto do episódio pode
ser avaliado pelo fato de que as
informações básicas sobre a fala
de Morales já haviam chegado
ao avião presidencial, transmitidas pelos dois diplomatas brasileiros que assistiram a entrevista
do boliviano, fizeram as anotações, mas, ainda assim, recorreram aos serviços on-line de notícias para complementá-las.
Mesmo assim, o presidente, o
chanceler e Marco Aurélio Garcia, assessor diplomático de Lula, preferiram recorrer à fonte
primária (a gravação), um pouco por não entenderem como
Morales poderia partir para o
ataque menos de 24 horas depois de iniciar em La Paz, na
véspera, uma negociação que foi
tida no Planalto como extremamente bem-sucedida.
Agitação
Enquanto a reunião corria na
suíte de Lula, lá embaixo a agitação ficava por conta da equipe
do CQC ("Caiga quien caiga",
versão em castelhano do "Pânico na TV", lançado na Argentina e hoje espalhado pela Espanha, Chile e outros países).
"Somos uma multinacional,
mas não conte para o Evo",
brincou o repórter com a Folha.
O pessoal do CQC estava à caça de José Luis Rodríguez Zapatero, o presidente do governo
espanhol, igualmente hospedado no Imperial, bem como Angela Merkel, chanceler alemã,
Jacques Chirac, presidente francês, e Alejandro Toledo, presidente peruano, que, aliás, chegou vestindo moletom de ginástica, porque participou de jogo
de futebol entre personalidades.
Zapatero saiu, o pessoal do
CQC não conseguiu chegar perto, mas o repórter gritou: "Suerte en la cumbre, presidente". Na
calçada, um grupo de turistas
espanhóis gritava "España/España" e pedia "saluda, Zapatero, saluda". Ele saudou a turma,
para delírio de uma senhora loira, quando a noite começava a
cair sobre uma até ensolarada
Viena de primavera.
(CR)
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