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SAIBA MAIS
Lei de 96 dispensa contratos de aval dos parlamentares
DO ENVIADO ESPECIAL A LA PAZ
A afirmação de Evo Morales
sobre 70 contratos -segundo
ele, ilegais- entre o Estado e as
multinacionais petroleiras é
uma posição histórica do seu
partido, o MAS (Movimento ao
Socialismo), e uma grande
controvérsia há dez anos.
O contrato de risco compartilhado, a privatização da YPFB e
a definição do preço do gás aos
únicos compradores, Brasil e
Argentina, são os três pontos
da política de hidrocarbonetos
herdada de governos passados
e questionados pelo MAS. Só o
terceiro, um tema bilateral, não
foi alvo do decreto de Morales.
Em abril 1996, o então presidente Gonzalo Sánchez de Lozada promulgou a Lei de Hidrocarbonetos, que previa tributação de 18% sobre o gás e
poderes presidenciais para assinar contratos com empresas
sem aprovação parlamentar.
Essas regras atraíram investimentos de multinacionais, sobretudo a Petrobras. Mas sofreram forte oposição de movimentos de esquerda. Em outubro de 2003, os protestos contra essa política provocaram a
queda de Sánchez de Lozada, já
em seu segundo governo. O
episódio deixou ao menos 60
mortos e ficou conhecido como a "guerra do gás".
A nacionalização prevê que,
dentro de 180 dias, todos os
contratos com as multinacionais sejam refeitos, partindo da
premissa de que são ilegais. Caso não haja acordo, terão de
deixar a Bolívia -e Morales
deixou claro ontem que não
haverá indenização.
Sánchez de Lozada também
iniciou a privatização da YPFB,
por meio da Lei de Capitalização. Em 1999, o governo do general Hugo Banzer privatizou
as duas refinarias da estatal boliviana. Foram adquiridas por
US$ 102 milhões pela Petrobras
e dominam o mercado de derivados de petróleo do país.
O decreto de Morales prevê a
retomada do controle acionário de todas operações antes
pertencentes à YPFB. Além da
Petrobras, outras empresas
que compraram partes da
YPFB -como a Transredes,
que opera um dos gasodutos
que levam gás ao Brasil- terão
de ceder o controle.
(FM)
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