São Paulo, Sábado, 12 de Junho de 1999
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SIDERURGIA
Executivo do grupo alemão diz estar negociando com o empresário um aumento da participação na CSN
ThyssenKrupp quer ações de Steinbruch

RICARDO GRINBAUM
enviado especial à Alemanha

O ThyssenKrupp, maior fabricante europeu de aço, quer comprar as ações do empresário Benjamin Steinbruch na Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Steinbruch é dono de 18% das ações da CSN, a maior produtora brasileira de aço.
"Estamos interessados em fortalecer nossa posição na CSN, não importa a porcentagem das ações de Benjamin Steinbruch que consigamos comprar", diz Ulrich Middelmann, responsável pelo controle das finanças do grupo alemão. Middelmann administra os mais de US$ 40 bilhões que o ThyssenKrupp fatura por ano, além de ser o responsável pelas fusões e aquisições envolvendo a empresa.
Maria Silvia Bastos Marques, presidente da CSN, disse à Folha que "a empresa desconhece qualquer negociação relativa ao seu grupo de controle."
O escritório do grupo Vicunha, em São Paulo, informou à Folha que o empresário Benjamin Steinbruch não poderia comentar ontem o suposto interesse do grupo alemão em comprar sua participação na CSN por estar em viagem.

Grupo alemão
No Brasil, o ThyssenKrupp é dono ou sócio de 20 companhias, com faturamento anual de R$ 1,5 bilhão. Quinto maior grupo industrial da Alemanha, o ThyssenKrupp ficou de fora das principais oportunidades de negócios no parque siderúrgico brasileiro nos últimos tempos.
Além de não ter disputado o controle das siderúrgicas privatizadas, perdeu a corrida, no ano passado, pela compra da empresa mineira Acesita, adquirida pela companhia francesa Usinor.
No momento, diz Middelmann, o ThyssenKrupp está conversando com Steinbruch e com a Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, que tem grande participação acionária nas principais siderúrgicas brasileiras.
A aposta da ThyssenKrupp está centrada nas negociações com Steinbruch, que também é um dos principais sócios da Companhia Vale do Rio Doce. "Steinbruch pode vender suas ações para focar seus negócios na Vale do Rio Doce", diz Middelmann.
"Estamos conversando com a Previ, mas, pelo que sabemos, os fundos de pensão querem manter sua participação acionária nas siderúrgicas."

Valor
De acordo com o executivo, uma das dificuldades para fechar negócio é que Steinbruch e o grupo alemão divergem sobre o valor das ações que estão sendo negociadas. Outros investidores também estariam negociando com o empresário brasileiro.
Middelmann diz que a prioridade do ThyssenKrupp é comprar ações da CSN, uma vez que os dois grupos já são sócios num novo empreendimento, Galvasud. A Galvasud é uma indústria de processamento de aço para fornecimento de peças para a indústria automobilística que está sendo construída no Estado do Rio de Janeiro, com investimento de US$ 250 milhões.
O ThyssenKrupp tem interesse em aumentar sua participação na indústria siderúrgica porque avalia que a economia brasileira voltará a crescer e haverá aumento das encomendas de aço com a entrada das novas montadoras de carros no Brasil.
Segundo outro integrante do Conselho de Administração mundial, Hans Gruber, o ThyssenKrupp manteve, nos últimos anos, negociações com a Usiminas, mas esbarrou na resistência da Nippon Steel, os sócios japoneses da siderúrgica mineira.
"Não participamos das privatizações", diz Middelmann, "porque o preço do controle das empresas estava muito caro e porque há um espírito nacionalista no Brasil envolvendo o comando das empresas".


O repórter Ricardo Grinbaum viajou à Alemanha a convite da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha


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