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FOLHAINVEST
MERCADO FINANCEIRO
Aceitação do pacote será sentida nesta semana, dizem analistas, para quem Fed deve manter juros
Agora, mercado analisa acordo com o FMI
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado financeiro faz a partir de hoje uma melhor avaliação
do acordo do Brasil com o FMI
(Fundo Monetário Internacional). Analistas e investidores tendem, agora, a buscar o detalhamento das entrelinhas do pacote
de ajuda de US$ 30 bilhões.
"Entre hoje e amanhã, será possível ver se o mercado aceitou esse
pacote. Na sexta-feira, houve realização de lucro e [o investidor"
não quis ficar posicionado no fim
de semana", diz Alexandre Póvoa,
do ABN Asset Management.
Depois da euforia de quinta-feira, veio a devolução. Na sexta-feira, a Bovespa (Bolsa de Valores de
São Paulo) fechou com queda de
3,2% e o dólar cotado a R$ 3,02.
"Imaginar o dólar muito abaixo
de R$ 3, em razão do acordo, foi
sonho de uma noite de verão do
mercado", diz Luiz Antonio Vaz
das Neves, da corretora Planner.
Para ele, essa escalada do câmbio
pós-pacote era esperada.
"O dólar cai pelo impacto da
notícia, depois volta de novo. É o
problema do "day after". Havia
muita gente com posição na
BM&F (Bolsa de Mercadorias e
Futuros) que correu para encerrá-la. Na sexta-feira, quem esperava
a alta da moeda reduziu venda."
Analistas afirmam que as recentes declarações do candidato Ciro
Gomes (PPS) em relação à política econômica, a queda de José
Serra (PSDB) na pesquisa do Ibope da semana passada e o boato
de renúncia do candidato governista (negado pelo tucano) também pressionaram muito o dólar.
A suspensão da ração diária do
Banco Central foi outro fator
apontado, mas com ressalvas.
"Não interessa para o BC que o
dólar caia muito porque a alta da
moeda tem tido efeito interessante sobre a balança comercial", diz
Póvoa. Além disso, desestimula a
saída de dólares do país.
A retomada da oferta de linhas
de crédito externo apenas a partir
de outubro, apesar do acordo,
não surpreendeu alguns analistas.
Para eles, o dinheiro não sairá
antes da aprovação do acordo pela diretoria do FMI.
Com a ausência de crédito, empresas não conseguem rolar dívidas e compram dólares para quitá-las. Isso gera mais pressão sobre o câmbio.
EUA
Para alguns analistas, a Bovespa
deve voltar a acompanhar as Bolsas americanas.
"Pode descolar de Nova York
por um ou dois pregões, mas depois segue as Bolsas de lá, onde se
volta a pensar em "double dip'",
diz Vaz das Neves.
O risco de "duplo mergulho" -
quando a economia em recuperação descamba para recessão-
cresceu em razão de indicadores
econômicos que saíram abaixo do
esperado, grandes perdas no mercado acionário e temor de queda
no consumo.
Uma parcela de analistas, porém, diz que os indicadores podem não ser fracos o suficiente
para que o Fed (o banco central
americano) corte juros já na reunião marcada para amanhã e
quarta-feira. Muitos afirmam esperar a manutenção da taxa em
1,75%, pelo menos até setembro.
"Seria uma boa surpresa o corte
de 0,25 ponto percentual. Pode
haver alguma reação se os juros
forem mantidos, mas não muito
negativa porque a maioria não espera redução já", diz Póvoa. Para
Neves, se a taxa não cair, "a Bolsa
cai. Pode haver um pregão melhor, mas não se sustenta".
"As Bolsas externas não vão ajudar, nem atrapalhar. Ciro é a
grande incógnita: se ele convence
o mercado", diz o diretor do ABN.
A quem acredita que o mercado
vá se acalmar, ele sugere ações de
telefonia fixa e de bancos, que caíram muito. Quem acha que o dólar subirá deve ficar com papéis
de exportadoras.
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