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Rendimento no ano é de 19,73%, contra 31,87% do dólar Ptax; escassez e desconfiança explicam disparidade
Fundo cambial perde para variação do dólar
ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A falta de dólares no mercado financeiro e a desconfiança em relação ao Brasil estão provocando
uma disparidade entre a rentabilidade dos fundos cambiais e a variação da moeda americana.
Segundo dados do site Fortuna,
do início do ano até o dia 7 de
agosto, os fundos cambiais renderam, em média, 19,73%, enquanto
o dólar Ptax (preço médio do dólar divulgado diariamente pelo
Banco Central) subiu 31,87%.
Em julho, a rentabilidade dos
fundos foi de 8,10%, e a do dólar,
de 20,54%. Em agosto, até o dia 7,
os fundos caíram, em média,
4,33%, e o dólar perdeu 10,8%.
Tanta disparidade deve-se à
conjuntura de mercado. Com a
escassez de dólares e o temor de
calote, títulos e operações em
reais atrelados ao dólar passaram
a valer menos, afetando a rentabilidade dos fundos, que são obrigados a marcar os seus ativos pelo
preço de mercado.
Os fundos cambiais, explica Gilberto Kfouri, diretor de investimentos do BNP Paribas, não podem investir diretamente em dólar. Para proporcionar um rendimento semelhante à variação da
moeda norte-americana, aplicam
seus recursos em títulos do governo em reais indexados ao dólar ou
fazem operações no mercado futuro de câmbio.
Esses títulos e as operações no
futuro embutem, além da variação da moeda, uma taxa de juro,
conhecida no mercado como cupom cambial, que leva em consideração, entre outros fatores, o
preço do dólar no mercado à vista
e o praticado no mercado futuro.
Esse cupom varia conforme o
prazo. No início do ano, estava na
faixa de 4% a 8% ao ano. A partir
de março, passou a subir. No dia
31 de julho, quando o dólar fechou em R$ 3,43, o cupom para
operações de 30 dias bateu em
100% ao ano. Para prazos mais
longos, era menor, mas ainda na
faixa de pelo menos 30% ao ano.
Emanuel Pereira da Silva, diretor da Gap Asset Management,
diz que nem na crise da Rússia,
em 98, o mercado viu taxas tão altas e por tanto tempo.
Para entender melhor o que está
acontecendo, imagine que o gestor tenha um título adquirido no
começo de 2002, com prazo de
um ano, que paga, além da variação do câmbio, juro de 5% ao ano.
A taxa para esse prazo, ao pular,
por exemplo, para 30%, faz o título valer bem menos, pois ninguém vai querer comprá-lo por
seu valor de face, que estipula um
rendimento de apenas 5%.
Depois de chegar ao auge no dia
31 de julho, o cupom cambial vem
caindo. Na sexta-feira, fechou em
20,28% ao ano, para operações de
30 dias. Mas, segundo Marcelo
D'Agosto, diretor do site Fortuna,
as taxas ainda estão longe da normalidade.
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