São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 2002

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COLAPSO DA ARGENTINA

Ministro reafirma que fim do "corralito" depende de solução para a fuga de recursos dos bancos

Carta de intenções chega ao FMI até sexta

JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES

O governo argentino vai enviar até a próxima sexta-feira a Washington um esboço da carta de intenções que pretende firmar com o FMI (Fundo Monetário Internacional). O país quer fechar um acordo até o começo de setembro, quando vencem US$ 2,8 bilhões em dívidas com os organismos internacionais.
A equipe econômica passou o fim de semana trabalhando na elaboração da carta. À noite, em nota, o Ministério da Economia negou que o documento estipule o prazo máximo de 30 de setembro para que sejam eliminadas as restrições bancárias para o saque de 19,9 bilhões de pesos depositados em contas correntes e cadernetas de poupança. A informação foi publicada pelo jornal "Clarín".
Segundo a nota , a flexibilização do "corralito" (restrições bancárias impostas desde dezembro) só vai acontecer quando o governo conseguir impedir que o dinheiro preso nos bancos seja liberado por meio de decisões judiciais.
Só em julho, a Justiça liberou o saque de 1,3 bilhão de pesos que estavam presos nos bancos. Se esse índice for mantido, Lavagna acha que uma flexibilização do "corralito" elevaria a demanda por dólar e causaria hiperinflação.
O "Clarín" publicou outros detalhes sobre a carta de intenções que não foram confirmados nem negados pelo Ministério da Economia. Segundo a reportagem, ela propõe reforço da independência do Banco Central e imunidade judicial para os funcionários do banco responsáveis pela restruturação do sistema financeiro.
O documento teria ainda uma série de projeções e metas para este ano e o próximo. O PIB deve recuar 13,5% em 2002, mas fecharia o próximo ano em alta de 3%. O superávit primário deve alcançar 0,7% do PIB neste ano e 2% em 2003. A cotação do dólar ficaria em 3,70 pesos até dezembro e chegue a 4,25 pesos ao final de 2003.

FMI em recesso
Apesar da divulgação de versões sobre a carta de intenções do governo argentino ao FMI, não existe em Washington a mesma confiança de que um acordo com a Argentina possa sair rapidamente. Técnicos regulares do FMI trabalham nos detalhes de um possível programa econômico para a Argentina, mas os diretores da instituição a quem cabe autorizar um novo acordo - entre eles o diretor-gerente, Horst Köhler- estão viajando e devem voltar ao trabalho no final do mês.
A diretoria executiva do Fundo entrou em recesso na sexta-feira e retoma seus trabalhos no final do mês. Na última reunião da diretoria, na sexta-feira, o caso argentino nem foi mencionado -só o do Uruguai.


Colaborou Marcio Aith, de Washington

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