|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
COLAPSO DA ARGENTINA
Ministro reafirma que fim do "corralito" depende de solução para a fuga de recursos dos bancos
Carta de intenções chega ao FMI até sexta
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
O governo argentino vai enviar
até a próxima sexta-feira a Washington um esboço da carta de intenções que pretende firmar com
o FMI (Fundo Monetário Internacional). O país quer fechar um
acordo até o começo de setembro,
quando vencem US$ 2,8 bilhões
em dívidas com os organismos
internacionais.
A equipe econômica passou o
fim de semana trabalhando na
elaboração da carta. À noite, em
nota, o Ministério da Economia
negou que o documento estipule
o prazo máximo de 30 de setembro para que sejam eliminadas as
restrições bancárias para o saque
de 19,9 bilhões de pesos depositados em contas correntes e cadernetas de poupança. A informação
foi publicada pelo jornal "Clarín".
Segundo a nota , a flexibilização
do "corralito" (restrições bancárias impostas desde dezembro) só
vai acontecer quando o governo
conseguir impedir que o dinheiro
preso nos bancos seja liberado
por meio de decisões judiciais.
Só em julho, a Justiça liberou o
saque de 1,3 bilhão de pesos que
estavam presos nos bancos. Se esse índice for mantido, Lavagna
acha que uma flexibilização do
"corralito" elevaria a demanda
por dólar e causaria hiperinflação.
O "Clarín" publicou outros detalhes sobre a carta de intenções
que não foram confirmados nem
negados pelo Ministério da Economia. Segundo a reportagem,
ela propõe reforço da independência do Banco Central e imunidade judicial para os funcionários
do banco responsáveis pela restruturação do sistema financeiro.
O documento teria ainda uma
série de projeções e metas para este ano e o próximo. O PIB deve recuar 13,5% em 2002, mas fecharia
o próximo ano em alta de 3%. O
superávit primário deve alcançar
0,7% do PIB neste ano e 2% em
2003. A cotação do dólar ficaria
em 3,70 pesos até dezembro e chegue a 4,25 pesos ao final de 2003.
FMI em recesso
Apesar da divulgação de versões
sobre a carta de intenções do governo argentino ao FMI, não existe em Washington a mesma confiança de que um acordo com a
Argentina possa sair rapidamente. Técnicos regulares do FMI trabalham nos detalhes de um possível programa econômico para a
Argentina, mas os diretores da
instituição a quem cabe autorizar
um novo acordo - entre eles o
diretor-gerente, Horst Köhler-
estão viajando e devem voltar ao
trabalho no final do mês.
A diretoria executiva do Fundo
entrou em recesso na sexta-feira e
retoma seus trabalhos no final do
mês. Na última reunião da diretoria, na sexta-feira, o caso argentino nem foi mencionado -só o do
Uruguai.
Colaborou Marcio Aith, de Washington
Texto Anterior: Piora lá pode agravar mais a situação aqui Próximo Texto: Ex-ministros dizem o que não deu certo Índice
|