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Ex-ministros dizem o que não deu certo
DE BUENOS AIRES
Os últimos ministros da Economia argentinos acreditam que a
falta de responsabilidade fiscal, e
não o FMI (Fundo Monetário Internacional), levaram ao colapso
econômico do país, em recessão
desde junho de 1998.
O jornal "La Nación" reuniu
cinco dos seis últimos ministros
-com exceção de Domingo Cavallo- para explicar os motivos
da recessão. Eles concordaram
que a demora em tomar medidas
para o controle dos gastos públicos, agravada por uma sucessão
de choques externos, colocaram
em xeque a conversibilidade.
Os mais incisivos em apontar o
câmbio atrelado ao dólar como
responsável pelo colapso foram o
ministro Roberto Lavagna e seu
antecessor, Jorge Remes Lenicov.
Para Lavagna, as crises de México, Ásia, Rússia e Brasil na década
de 90 reduziram o fluxo de capitais para os países emergentes e
contribuíram para a aposta do
mercado de que o câmbio argentino não se sustentaria. Como o
país também fracassou em abrir
novos mercados para produtos
argentinos e em controlar gasto
público, a situação tornou-se insustentável ao final de 2001, quando houve a moratória.
"A recessão que atingiu a economia em 1998 foi consequência
da própria insustentabilidade do
modelo de conversibilidade lançado em 1991", escreveu.
Na mesma linha, Jorge Remes
Lenicov, que foi ministro entre janeiro e abril deste ano, afirmou
que as gestões anteriores "acreditaram que com retoques poderia
ser mantido" o regime de conversibilidade. Ele sustentou que as
decisões de aumentar os impostos e o endividamento apenas
"postergaram a solução".
O ex-ministro Ricardo López
Murphy, que ficou no cargo apenas duas semanas durante março
de 2001, se defende e diz que era
necessário cortar despesas na
época. No entanto, o encolhimento da economia se manteve devido "ao aumento enorme do gasto
público prévio à recessão e à enorme rigidez do setor público para
fazer ajustes".
Por sua vez, José Luis Machinea,
que foi ministro entre 1999 e 2001,
disse que tomou as medidas corretas na época -ao tentar baixar
o gasto público e garantir o pagamento da dívida externa-, mas
choques externos impediram a
recuperação. Ele também afirma
que "a recessão só se transformou
em depressão econômica no segundo semestre de 2001" devido
ao confisco dos depósitos bancários, o alto desemprego e a queda
do poder aquisitivo.
Já Roque Fernández, que coordenou a pasta entre 1996 e 1999,
disse que houve duas recessões na
Argentina. A primeira começou e
1998 e começou a ser revertida em
1999, ainda durante sua gestão. A
outra, que levou o país ao colapso,
teria sido gerada por "erros" cometidos principalmente por Cavallo, como a proposta de atrelar
o peso a uma cesta de moedas.
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