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São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 2003

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INTEGRAÇÃO

John Taylor reconhece que ainda falta muita negociação, mas afirma que conversas não estão "fora dos trilhos"

Caminho da Alca é longo, diz Tesouro dos EUA

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O secretário para Assuntos Internacionais do Tesouro norte-americano, John Taylor, disse ontem que "existe um longo caminho pela frente" antes que Brasil e EUA consigam completar com sucesso a Alca dentro do prazo previsto, em janeiro de 2005.
Taylor afirmou discordar da visão do Congresso dos EUA de que as negociações entre Brasil e EUA na Alca (Área de Livre Comércio das Américas) estariam "fora dos trilhos".
A expressão foi usada em documento interno do Congresso distribuído aos parlamentares americanos no dia 29 de julho.
"Há ainda muitos pontos a serem discutidos e muitas pessoas a serem ouvidas", disse Taylor à Folha. "Mas não diria que a Alca saiu dos trilhos."
Taylor fez, no entanto, uma enfática defesa para que acordos dos EUA com outros países incluam cláusulas que garantam a total liberdade de movimento de capitais -tanto para investimentos diretos como especulativos.
O tema, que faz parte das negociações da Alca no tópico investimentos, é um dos pontos de divergência entre Brasil e EUA.
Embora o Brasil não tenha restrições ao livre movimento de capitais, o país não tem se mostrado disposto a negociar o assunto diretamente com os EUA e não quer incluir uma cláusula sobre investimentos no âmbito da Alca.
A estratégia brasileira tem sido defender que o tema seja tratado nas negociações da OMC (Organização Mundial do Comércio). Os EUA, porém, vêm se mostrando dispostos a defender o mesmo ponto também na OMC.
Os americanos têm cerca de 40 acordos bilaterais firmados com vários países onde a liberdade de movimentos de capitais faz parte dos contratos. "A liberdade de movimento de capitais é fundamental para estimular os investimentos nos países que se tornam parceiros comerciais", diz Taylor.
Com as negociações entre Brasil e EUA em fase de descompasso, a prioridade americana tem sido acelerar entendimentos bilaterais com outros países da América Latina e Caribe. Após ter fechado recentemente um acordo com o Chile, o próximo país da lista de negociações é a Colômbia.
Brasil e EUA devem voltar a discutir comércio durante reunião, no dia 27, em Washington, entre o secretário do Tesouro americano, John Snow, e autoridades do Ministério da Fazenda.
O encontro será o primeiro do chamado "Grupo para o Crescimento", anunciado em 20 de junho, durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Casa Branca.


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