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Metrô garante público e atrai shoppings
SP deverá ter cinco centros de compras ligados a estações até o final de 2008, com inaugurações em Itaquera e no Tucuruvi
Cerca de 20% das receitas
não-tarifárias do metrô, por
onde passam 3 milhões de
passageiros por dia, vêm do
faturamento dos shoppings
TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO
São Paulo deverá ter cinco
shopping centers ligados ao
metrô até o final do próximo
ano. Além dos três estabelecimentos já existentes (dois na
estação Tatuapé e um na Santa
Cruz), Itaquera deve ter seu
shopping em novembro, e o Tucuruvi, em 2008.
O Shopping Metrô Tatuapé,
pioneiro, faz dez anos em outubro e investirá R$ 20 milhões
em obras na praça de eventos e
na rampa do estacionamento,
entre outras melhorias.
Ao lado, surgiu em maio o
Boulevard Tatuapé, que tem
cinco empreendedores em comum com o outro centro de
compras ligado à estação e com
o Itaquera, todos localizados na
linha vermelha do metrô.
"O Boulevard foi concebido
para formar um pólo integrado
com o Tatuapé, como se fosse
uma expansão. Há uma complementação do mix [de lojas]",
diz Paulo Emilio de Castro, da
CEI Empreendimentos, que
participa também do centro de
compras de Itaquera.
Elaine de Almeida, gerente-geral do Tatuapé, contabiliza
uma movimentação diária de
80 mil pessoas e diz que não
houve queda por causa do Boulevard. Mas talvez isso se deva
ao início da campanha de marketing, na mesma época, com a
ex-BBB Grazi como garota-propaganda. Para ter uma idéia
da influência do metrô, esse
número caiu para 65 mil na última greve, neste mês.
Sobre o Itaquera, em que foram investidos R$ 180 milhões
na construção de 42,5 mil m2 de
área bruta locável, Castro diz
que suprirá uma carência de
entretenimento na região.
"Com o trem da CPTM, a área
de influência vai até Mogi das
Cruzes [Grande São Paulo]."
Duas expansões foram projetadas, sendo a primeira em 2010,
e, segundo ele, já há reservas de
espaços de lojas.
Na linha azul, a JHSF investirá R$ 80 milhões no Tucuruvi, que terá 29 mil m2 e começa
a ser erguido em setembro. A
construtora é a mesma do
shopping Cidade Jardim -que
será perto da Daslu e voltado à
classe A- e do Santa Cruz, localizado na estação de mesmo
nome desde 2001.
Uma idéia bem-sucedida no
Santa Cruz que será repetida
no Tucuruvi é a abertura, a partir das 7h, de um corredor de
serviços, que terá lanchonetes
e serviços de costura, por
exemplo, para aproveitar o fluxo de passageiros na estação
antes das 10h -horário de
abertura do shopping.
"Os shoppings de metrô têm
acessibilidade total. Por isso,
são empreendimentos comuns
em cidades dos EUA, do Canadá e da Europa", diz Felipe
Horta, diretor da unidade de
shopping centers da JHSF.
O presidente da Alshop (Associação Brasileira de Lojistas
de Shopping), Nabil Sahyoun,
avalia que um centro de compras ligado ao metrô "já nasce
com público" e que esse modelo sempre traz uma boa resposta. Em um dia útil, o metrô de
São Paulo, que tem 61,3 km de
extensão, chega a transportar 3
milhões de passageiros.
Receita extra
Cerca de 20% das receitas
não-tarifárias do metrô já vêm
da participação no faturamento bruto dos centros de compras, que inclui o pagamento
dos aluguéis das lojas e das vagas de estacionamento.
Marcelo Borg, gerente de negócios do Metrô-SP, adianta
que, na licitação para a construção da linha lilás, a concessão
das áreas em torno das estações
será feita ao mesmo tempo.
Neste ano, as receitas não-tarifárias devem ficar em torno de
R$ 71 milhões, contra R$ 56 milhões em 2006. A participação é
pequena, considerando que o
faturamento total foi de R$ 937
milhões no ano passado.
A parte que o metrô abocanha do faturamento dos shoppings pela concessão do terreno varia de 15%, no pioneiro
Tatuapé, a 25% no Itaquera e
no Tucuruvi. "Os contratos novos são mais vantajosos", afirma Borg, contabilizando que,
em média, metade do movimento nos centros de compras
se deve à ligação com as estações. "Na década de 70, a desapropriação era mais fácil e mais
barata. Hoje em dia, as áreas
utilizadas são mais enxutas."
Para ele, o metrô representa
o que é mais difícil de encontrar
na cidade de São Paulo, onde o
total de congestionamentos
pode ultrapassar 200 km: um
meio de transporte seguro, rápido e barato. A opinião é compartilhada por vários empreendedores, já que outros terrenos
da estatal estão sendo concedidos para fins diversos, como faculdades e "call centers".
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