São Paulo, domingo, 12 de agosto de 2007

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Metrô garante público e atrai shoppings

SP deverá ter cinco centros de compras ligados a estações até o final de 2008, com inaugurações em Itaquera e no Tucuruvi

Cerca de 20% das receitas não-tarifárias do metrô, por onde passam 3 milhões de passageiros por dia, vêm do faturamento dos shoppings

TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO

São Paulo deverá ter cinco shopping centers ligados ao metrô até o final do próximo ano. Além dos três estabelecimentos já existentes (dois na estação Tatuapé e um na Santa Cruz), Itaquera deve ter seu shopping em novembro, e o Tucuruvi, em 2008.
O Shopping Metrô Tatuapé, pioneiro, faz dez anos em outubro e investirá R$ 20 milhões em obras na praça de eventos e na rampa do estacionamento, entre outras melhorias.
Ao lado, surgiu em maio o Boulevard Tatuapé, que tem cinco empreendedores em comum com o outro centro de compras ligado à estação e com o Itaquera, todos localizados na linha vermelha do metrô.
"O Boulevard foi concebido para formar um pólo integrado com o Tatuapé, como se fosse uma expansão. Há uma complementação do mix [de lojas]", diz Paulo Emilio de Castro, da CEI Empreendimentos, que participa também do centro de compras de Itaquera.
Elaine de Almeida, gerente-geral do Tatuapé, contabiliza uma movimentação diária de 80 mil pessoas e diz que não houve queda por causa do Boulevard. Mas talvez isso se deva ao início da campanha de marketing, na mesma época, com a ex-BBB Grazi como garota-propaganda. Para ter uma idéia da influência do metrô, esse número caiu para 65 mil na última greve, neste mês.
Sobre o Itaquera, em que foram investidos R$ 180 milhões na construção de 42,5 mil m2 de área bruta locável, Castro diz que suprirá uma carência de entretenimento na região. "Com o trem da CPTM, a área de influência vai até Mogi das Cruzes [Grande São Paulo]." Duas expansões foram projetadas, sendo a primeira em 2010, e, segundo ele, já há reservas de espaços de lojas.
Na linha azul, a JHSF investirá R$ 80 milhões no Tucuruvi, que terá 29 mil m2 e começa a ser erguido em setembro. A construtora é a mesma do shopping Cidade Jardim -que será perto da Daslu e voltado à classe A- e do Santa Cruz, localizado na estação de mesmo nome desde 2001.
Uma idéia bem-sucedida no Santa Cruz que será repetida no Tucuruvi é a abertura, a partir das 7h, de um corredor de serviços, que terá lanchonetes e serviços de costura, por exemplo, para aproveitar o fluxo de passageiros na estação antes das 10h -horário de abertura do shopping.
"Os shoppings de metrô têm acessibilidade total. Por isso, são empreendimentos comuns em cidades dos EUA, do Canadá e da Europa", diz Felipe Horta, diretor da unidade de shopping centers da JHSF.
O presidente da Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping), Nabil Sahyoun, avalia que um centro de compras ligado ao metrô "já nasce com público" e que esse modelo sempre traz uma boa resposta. Em um dia útil, o metrô de São Paulo, que tem 61,3 km de extensão, chega a transportar 3 milhões de passageiros.

Receita extra
Cerca de 20% das receitas não-tarifárias do metrô já vêm da participação no faturamento bruto dos centros de compras, que inclui o pagamento dos aluguéis das lojas e das vagas de estacionamento.
Marcelo Borg, gerente de negócios do Metrô-SP, adianta que, na licitação para a construção da linha lilás, a concessão das áreas em torno das estações será feita ao mesmo tempo. Neste ano, as receitas não-tarifárias devem ficar em torno de R$ 71 milhões, contra R$ 56 milhões em 2006. A participação é pequena, considerando que o faturamento total foi de R$ 937 milhões no ano passado.
A parte que o metrô abocanha do faturamento dos shoppings pela concessão do terreno varia de 15%, no pioneiro Tatuapé, a 25% no Itaquera e no Tucuruvi. "Os contratos novos são mais vantajosos", afirma Borg, contabilizando que, em média, metade do movimento nos centros de compras se deve à ligação com as estações. "Na década de 70, a desapropriação era mais fácil e mais barata. Hoje em dia, as áreas utilizadas são mais enxutas."
Para ele, o metrô representa o que é mais difícil de encontrar na cidade de São Paulo, onde o total de congestionamentos pode ultrapassar 200 km: um meio de transporte seguro, rápido e barato. A opinião é compartilhada por vários empreendedores, já que outros terrenos da estatal estão sendo concedidos para fins diversos, como faculdades e "call centers".


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