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FUNDO DO POÇO
Receitas ficam R$ 2,4 bi abaixo do previsto até agosto; despesas podem diminuir, para atingir meta fiscal
Governo arrecada menos e pode elevar cortes
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A arrecadação de impostos federais até o mês de agosto ficou
R$ 2,4 bilhões abaixo do programado pela Receita Federal. A queda das receitas foi causada pela redução da atividade econômica e
pelas liminares judiciais contra o
pagamento de alguns tributos.
A queda da arrecadação foi objeto de uma reunião ontem entre
os ministros da Fazenda, Antonio
Palocci Filho, e do Planejamento,
Guido Mantega. Só em agosto, o
governo deixou de receber R$ 600
milhões que eram previstos.
Ao final do encontro, Mantega
disse que o Orçamento deste ano
será reavaliado e, se for necessário, serão feitos cortes para ajustar
as despesas à realidade das receitas. No início do ano, o governo
cortou R$ 14,1 bilhões, mas liberou R$ 1 bilhão em julho.
"A meta de superávit primário
[receitas menos despesas, excluindo juros] será atingida de
qualquer maneira. Se for o caso,
teremos que reduzir as despesas",
avisou Mantega. A meta de superávit equivale a 4,25% do PIB
-cerca de R$ 68 bilhões no ano.
Até julho, R$ 44,319 bilhões tinham sido economizados.
Pela Lei de Responsabilidade
Fiscal, o governo deve reavaliar o
Orçamento a cada dois meses. Até
o próximo dia 23, se a meta de superávit estiver ameaçada, novos
cortes orçamentários terão de ser
anunciados, inclusive para os Poderes Legislativo e Judiciário.
A Folha apurou que 50% da
frustração de arrecadação em
2003 está ligada ao mau desempenho da economia. Segundo o secretário-adjunto da Receita Federal Ricardo Pinheiro, as perdas foram apuradas de maio a agosto.
No primeiro semestre, o PIB
(Produto Interno Bruto) apresentou queda de 1,6% em relação aos
últimos seis meses do ano passado. As vendas do comércio caíram 5,57% no primeiro semestre,
sobre igual período de 2003. O desemprego aumentou. A produção
industrial cresceu apenas 0,1%.
Crescimento
Pinheiro lembrou que a última
reavaliação do Orçamento contou
com um crescimento de 1,8% para a economia neste ano. Na semana passada, o Planejamento
informou que a sua nova previsão
está entre 0,7% e 1,1%.
Em agosto, o governo arrecadou R$ 19,758 bilhões -8,26% a
menos que no mesmo período do
ano passado. No ano, a arrecadação total, que inclui outros recursos, foi de R$ 179 bilhões (0,46%
menor que a de 2002).
Para o Orçamento, a Receita fez
uma projeção que inclui apenas
os tributos federais. A previsão
era arrecadar R$ 168,9 bilhões,
mas entraram R$ 166,5 bilhões.
Os impostos que medem o faturamento das empresas -termômetro para a atividade econômica- apresentaram quedas significativas em agosto.
A Cofins (Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social) teve uma redução de 10,54%
em agosto deste ano em relação
ao ano passado. Motivada pela redução dos juros e pela queda do
dólar, a arrecadação da Cofins no
setor financeiro caiu 20,59%.
Segundo Pinheiro, a CPMF
(Contribuição Provisória sobre
Movimentação Financeira) teve
uma queda em agosto de 7,24%
em relação a agosto do ano passado e de 24,07% em relação a julho.
Por causa de liminares judiciais
contra o pagamento do Imposto
sobre Produtos Industrializados e
da Cide (contribuição sobre o
consumo de combustíveis), esses
tributos acumulam perdas de
quase R$ 1,8 bilhão no ano.
A Receita disse que o Imposto
de Renda das empresas ficou
maior que o de 2002. Isso poderia
significar um aumento da margem de lucro em alguns setores.
Colaborou André Soliani,
da Sucursal de Brasília
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